domingo, 28 de julho de 2013

Jornal Raizonline nº 233 de 29 de Julho de 2013 - COLUNA UM - Daniel Teixeira - As minhas memórias mais próximas (LIV) - Meias férias e um jornal (quase) completo

 
Jornal Raizonline nº 233 de  29 de Julho de 2013 - COLUNA UM - Daniel Teixeira - As minhas memórias mais próximas (LIV)  - Meias férias e um jornal (quase) completo

Enquanto que no Brasil o pessoal tirita de frio, por aqui, embora com altos e baixos, o calor é abrasador o que faz com que muita gente por cá (Portugal) vá gozar as suas merecidas férias por praias e locais frescos e por lá, Brasil, as pessoas nem tenham vontade de estar paradas e agarradas ao computador.
 
Por seu lado os sistemas informáticos por aqui ressentem-se do calor e mesmo com uma ventoinha suplementar apontada para o interior da maquinaria, ela aquece e de quando em vez tem de ser parada para respirar à sua vontade o ar um pouco fresco que lhe chega.
 
Tínhamos bastantes mais trabalhos para publicar, mas trabalhando neste ritmo do pára duas horas e arranca uma hora não dá mesmo para ir mais longe. Por sua vez nota-se pelas leituras do jornal que existe um abrandamento relativamente pronunciado e assim escolhe-se (ainda que por força das circunstâncias)  este dois terços de termo para tentar apanhar os barcos todos: calor, pessoas de férias e artigos que agora vão ficar menos tempo online. Enfim...temos de dosear as coisas contando com as diversas vertentes deste jogo.
 
O computador alternativo (que por acaso é da minha neta) está em pane e para arranjo há quase duas semanas (dentro da garantia) e mesmo assim se ele não estivesse nesta situação teria eu a minha neta uma parte substancial dos dias de roda dele porque está de férias e praia ou piscina só na parte da tarde, já bastante tarde.
 
 
 
 
 
 

POESIA DE ROSE AROUCK - Eu Tenho Fé; Se Posso Ser Eu...

 
POESIA DE ROSE AROUCK - Eu Tenho Fé; Se Posso Ser Eu...
 
Eu Tenho Fé
 
 é a Fé que me sustenta quando fraquejo
 Ela me torna forte e destemida.
 Supri minhas necessidades, meu desejo
 De ser sempre vencedora nesta vida
 
Se eu acredito, eu tenho para as dores o sustento
 e para o meu destino as regalias,
 pois Deus será por certo meu alento
 e terei proteção todos os dias.
 
 é consciente que distribuo meu tesouro
 acumulado pela esperança de um Novo Mundo.
Nas atitudes que nos cercam vê-se o soldo
 barganhado e conquistado a cada segundo.
 
E o milagre do renascimento se destaca
 Nos arremessando como forma de crescer
 Embora as grades nos cerque e a ameaça
 permaneça sempre para que possamos aprender.
 
 Só quem tem Fé pode nesse barco navegar
 Com Jesus Nosso timoneiro da certeza
 com a segurança de chegarmos a um bom lugar
 Depois que nos levar a correnteza...
 
 Rose Arouck
 
 
 
 
 
 
 

Coluna de Liliana Josué - Poesia: Vida da minha vida; Muro branco; Montanha azul

 
Coluna de Liliana Josué - Poesia: Vida da minha vida; Muro branco; Montanha azul
 
 Vida da minha vida
 
(Poema dedicado a minha filha Eva e a minha neta [que nasceu hoje] Catarina)
 
Todos os dias acontece...
 coisa normal e necessária
 todos os dias é novidade...
 primordial renovação
 e a pequenina flor vai crescendo devagar
 no calor do seu aquoso mundo
 é frágil nenúfar
 em germinação suave.
 
Ouve o cântico que vem de longe
 pára, sorri e reconhece
 ser para si que alguém murmura.
 
Pequena, tão pequena
 mas já percebe
 que o amor lhe dá vigor todos os dias.
 
Os contratempos fogem, por encanto
 e as duas num espaço partilhado
 dobram a esquina
 de mais um dia
 e pouco a pouco
 num espanto vencedor
 aquelas duas aves vão triunfando
 voando lado a lado
 
19/07/2013


 Liliana Josué
 
 
 
 
 
 
 
 


 

CRUZ E SOUZA - Por Arlete Deretti Fernandes

 
CRUZ E SOUZA - Por Arlete Deretti Fernandes
 
João da Cruz e Souza era filho de escravos negros, nascido em Desterro, atual Florianópolis, em 1861. Ele foi o Mestre do Simbolismo Brasileiro, é um alto patrimônio nacional e tem a mais alta consideração internacional...
 
Seus conterrâneos, muitas vezes, contentam-se em dar seu nome ao Palácio Cruz e Souza e a um considerado Prêmio de Literatura. Para o escritor e Professor de Literatura da Universidade Federal de Santa Catarina, Lauro Junkes, «a melhor homenagem que podemos prestar-lhe é ler, apreciar e valorizar sua obra.»( p. 17). Cruz e Souza foi um ser que viveu para a poesia. Passou a sua existência para poemas. Sofreu a tortura estética.

O grande poeta foi educado até a adolescência pelo Marechal Guilherme Xavier de Souza, dono e posterior libertador de seus pais. De seu protetor recebeu as melhores condições e estímulos para o estudo. Concluiu o curso secundário em 1876. O renomado cientista Fritz Muller foi um de seus professores.

João Cruz e Souza deixou os estudos quando o protetor morreu. Passou a militar na imprensa catarinense, escrevendo crônicas abolicionistas. Empregou-se no comércio e fez parte de um grupo de literatos catarinenses., junto com os quais lutou pela implantação das idéias e da estética realista, em oposição ao desgaste do Romantismo.

Escreveu seus primeiros poemas em 1879. Em 1881 percorreu o país como «ponto» de uma companhia teatral. Seu livro de poemas «Cambiante», não chegou a ser publicado, seus poemas foram incorporados ao «Livro Derradeiro».

Em 1885 voltou para Desterro, onde assumiu a direção do jornal «O Moleque», dinamizando-o , mas sofrendo restrições devido ao preconceito de cor. No mesmo ano estreou com o escritor Virgilio Várzea o livro «Tropos e Fantasias».
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Poesia e Prosa Poética de Arlete Deretti Fernandes - O Tempo e o Vento (poema); Existe a Felicidade? (Texto)

 
Poesia e Prosa Poética de Arlete Deretti Fernandes - O Tempo e o Vento (poema); Existe a Felicidade? (Texto)
 
 O Tempo e o Vento
 
 Nostálgico por de sol a ir-se embora,
 A noite sobe alta, e é só ternura e meiguice.
 Pedras preciosas brilham no espaço agora.
 
O tempo que temos é curto e muito breve.
 Beijas-me o colo com teu hálito morno,
 Acaricio com meu lábio quente a tua derme.
 
 Passa o murmúrio sussurrante do vento,
 Que de longe suspira lúbrico e insinua:
 Não quero vacilar entre a dúvida e o desejo.
 
 Há pausas e suspiros em seus mistérios,
 Agora a voz do vento bem distante grita:
 Leva-a contigo para onde fores.


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Poesia de Manuel Fragata de Morais - In Sumaúma - Poesia - A CORUJA; Demência; SOL; TCHINGUFOS

 
Poesia de Manuel Fragata de Morais - In Sumaúma - Poesia - A CORUJA; Demência; SOL; TCHINGUFOS
 
 A CORUJA
 
 O pio da coruja
 nas enluaradas
 margens da lagoa
 expia lágrimas
de malfadadas crianças
 tragadas
 pelo jacaré
 
 
 
 
 
 

Poesia de Conceição Tomé - Mãe; Imperfeição; Eu Serei o Teu Mar

 
 
Poesia de Conceição Tomé - Mãe; Imperfeição; Eu Serei o Teu Mar
 
 
 Mãe
 
 Mãe, ainda chamo por ti
 Quando minha alma chora,
Como se estivesses aqui
 E nunca fosses embora.
 
Mãe, ainda espero por ti
 Junto às rosas, no jardim,
 Que com carinho tratavas
E o seu perfume exalavas.
 
Mãe, minha amiga e conselheira
 Anjo bom que me guardava,
 Sempre que em perigo ficava
 Corrias para a minha beira.
 
Mãe, Se pelo etéreo andares,
 Talvez me possas valer
Enquanto for meu viver
Neste mundo de pesares.
 
São Tomé

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Do ofício de escrever - vaqueiro que tange luz de estrelas... - Por Se Gyn

 
Do ofício de escrever - vaqueiro que tange luz de estrelas... - Por Se Gyn
 
fagulhas
que iluminaram o xisto
pensando nisto
 
Dizendo do ofício de versejar, estabeleceu o moçambicano Mia Couto:
«O poeta não gosta de palavras:
escreve para se ver livre delas.»

Se a referência é no sentido de memórias, concordo com ele, porque um cinquentão como eu vai se enchendo delas, deambulando sem freio e sentido de um nado para o outro, na mente, como água na alforja.
 
Mas, quanto às palavras, enquanto signo de linguagem, objeto de expressão e comunicação e conteúdo e, não sei, objetos vivos, moldáveis e moldantes de vida em si...
 
...às vezes me enamoro delas. Fico dias e dias com uma ou outra na cabeça, explorando seu som, as possibilidades de seus sentidos e, especialmente, a sua própria forma - ou corpo, sem que escreva nada a respeito disso.

A partir dali, ela entra numa espécie de relicário, onde a memória cuida de depositar, carinhosamente. De um modo ou outro, fica criado uma espécie de arquivo que guarda todas aquelas coisas refletidas ou associadas, mas sem data, com elas...
 
 
 
 
 

Rádio Miolo - Por Marcelo Pirajá Sguassábia

 
Rádio Miolo - Por Marcelo Pirajá Sguassábia 
 
Independentemente do que você esteja pensando agora, por trás desse pensamento tem uma musiquinha, não tem? De pano de fundo, como quem não quer nada: às vezes uma, depois outra.
 
Tem dias em que rola uma faixa só, teimosamente. Você até quer passar pra outra, mas o cérebro não deixa. O programador da Sinapse FM resolveu que aquele é o dia daquela música, e não há jabá que o faça mudar de idéia.
 
Ocorre também da música não ter nada a ver com você, muito menos com seu estado de espírito naquela hora. Mas gruda como chiclete nos neurônios. E é quando você se pega cantarolando o prefixo do Programa da Xuxa, sem saber por que cargas d’água, no meio de uma reunião da empresa.
 
Meu DJ mental é um cara eclético, mas acima de tudo beatlemaníaco. Assumido e incorrigível. Colocar Beatles no aparelho de som pra mim é redundância – as mais de duzentas músicas deles eu assovio o tempo todo. O que se pode chamar de original soundtrack biológico. Tocou na entrada do meu casamento e quero que toque no meu enterro, mesmo não estando mais lá pra escutar.
 
Acontece algo que me deixa feliz e a Rádio Miolo ataca de «I want to hold your hand». Se falta coragem não falta «Hey Jude», a fabulosa injeção de ânimo que o velho Macca fez para o filho do John. Um momento de reflexão e tiro da cachola «Julia», «Because», «Across the Universe». Se quero meditar, a lavra do George Harrison leva à India numa sentada, de preferência em posição de lótus.


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O Brasil é uma piada de Português - Crónica de Miriam de Sales Oliveira

 
O Brasil é uma piada de Português - Crónica de Miriam de Sales Oliveira -  Leia uma pequena Biografia da autora aqui 
 
Nosso país é o paraíso dos humoristas. Pena que agora não se pode mais fazer graça, pois, tudo é proibido. Só nos resta para fazer piadas os políticos, nossos maiores fornecedores de risos, as sogras, que ainda não saíram ás ruas para protestar, os padres e freiras que sempre foram protagonistas de piadas frascárias e os corruptos, mas, esses fornecem mais motivo para lágrimas que para risos.

Bocage, Gregório de Matos, o Barão de Itararé, Max Nunes, Millôr e Chico Anysio, nossos maiores humoristas do passados ,estariam em maus lençóis, nestes tempos.

Mas, o brasileiro ainda ri, inclusive de suas próprias mazelas.

Uma vida sem risos é uma vida árida, seca, triste ,um fardo difícil de carregar.

Portanto, vamos rir!

Uma coisa que não dá muito para rir é a perda da virilidade. Ruim para as mulheres, mortal para os homens.
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Poesia de Pedro Du Bois - Artes plásticas; Esgotar; Receios

 
Poesia de Pedro Du Bois - Artes plásticas; Esgotar; Receios   
 
 
Artes plásticas

Na artificialidade do gesto
o corte impede a madeira
impele a pedra
interpela o metal
interpreta o papel

as transformações se completam.

(Pedro Du Bois, inédito)



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sábado, 27 de julho de 2013

Assunto liquidado - Conto de Jorge Sader Filho

 
Assunto liquidado - Conto de Jorge Sader Filho
 
 
Um frio agonizante, o chão de pedras, um vento que não cessava e a rua deserta. Uma lâmpada de luz branca, no poste, dava apenas para ver a parte dianteira do carro e um ocupante na direção. A calefação estava desligada e o motor sem funcionamento.
 
Magro e forte, o tal que ocupava o veículo. Sobretudo curto, um gorro de lã, sapatos de sola grossa e calça de veludo. O trinta e dois cano longo cuidadosamente ajeitado na cintura. Otimo para tiros precisos, por não ter recuo forte.
 
Esperava calmo, não adiantava ter pressa, o casal jantando no bistrô elegante tinha todo o tempo do mundo. Medalhões de filé mignon, acompanhados de salada de tomate, rúcula e aspargos. A elegante taça de vinho mostrava o líquido vermelho e brilhante. Excelente qualidade, sem ser caro. Qualquer conhecedor de vinhos honestos sabe que nada justifica o preço superior a cinquenta reais, pouco menos do que vinte e cinco dólares, uma garrafa.
 
Os produtores e os falsos entendidos teimam no mundo inteiro, e existem marcas e safras realmente com preços absurdos. Pura idiotice, qualquer vinho produzido em Napa Valley, Califórnia, por mais simples que seja, não tem qualidade inferior.
 
Assunto que não preocupava o homem que estava examinando com cuidado o trinta e dois, engatilhando e soltando o mecanismo com o percussor, observando o perfeito funcionamento do tambor que girava perfeito a cada movimento de armar. Retirou um dos cartuchos.


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Contemplando «The son of man» e outros quadros de Magritte... - Por: Se Gyn

 
Contemplando «The son of man» e outros quadros de Magritte... - Por: Se Gyn
 
René Magritte (1898-1967) era um artista que não tinha a verve imagética do Dali, bastante ligada à mitologia e, ao mundo onírico - até porque, nem aceitava a classificação de surrealista, preferindo dizer que sua pintura era de natureza metafísica, representando uma espécie de realismo mágico.
 
Seu objeto de preocupação era outro - a reflexão sobre o simulacro da realidade, da composição formal, de cenários e realidades, os quais apresentava alterados, em alguns casos apresentação de conjuntos incoerentes, na disposição surpreendente, na junção de certos objetos com uma interpretação insuspeita de sua finalidade ou, na junção de partes ou membros do corpo humano com outros objetos.
 
Essa ideia de ocultar o rosto do indivíduo atrás de objetos (na verdade, signos) é perturbadora. Diante de um quadro seu, o olhar que se dirige imediatamente para o objeto da retratação, mas ela não está lá, pronta para satisfazer o espectador. Em troca da vista, ele recebe, quase sempre, um enigma ou um jogo de imagem para ser decifrado.
 
No caso do famoso quadro «The son of man (1926)» aparece um individuo retratado como um dândi, que é um tipo perfeitamente factível, assimilável pela mente do espectador. Diante dele, o olho corre para o rosto, onde encontra na imagem chapada, sobre o rosto, uma maçã verde.

Se o olho se fixa nela, o resto da imagem passa para um segundo plano. Se o espectador retrocede e contempla novamente o conjunto pictórico, este não faz sentido aparente e, o título parece disparate.
 
Se o olhar volta para o a charada da maçã verde, a mente começa a procurar um sentido para ela, dentro do conjunto, mas falha.
 
Em algum momento posterior, que olha se pergunta se a ideia é mesmo de uma imagem sobrepondo à outra ou se, ambas são autónomas ocupando o mesmo espaço, num determinado momento, onde a maior cede parte da área para a menor.


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PASSADO, PRESENTE E FUTURO DO NOSSO CANTO DE IMPROVISO - Texto de José Francisco Colaço Guerreiro

 
PASSADO, PRESENTE E FUTURO DO NOSSO CANTO DE IMPROVISO - Texto de José Francisco Colaço Guerreiro
 
Vou fazer uma breve retrospetiva , daquilo que foi o meu primeiro contacto com a viola campaniça e com os cantos do despique e do baldão.
 
Nos finais do ano de 1986, altura em que era capaz de jurar a pés juntos de que no panorama etno musical da região baixo-alentejana, nada mais já existia, com vitalidade digna de realce, do que o canto às vozes também conhecido por «cante» ou «moda» , tive conhecimento da existência , na Estação de Ourique , de um tocador e cantador que me disseram saber interpretar algo diferente daquilo que por cá se usava.
 
Foi assim que conheci, ouvindo cantar e tocar uma viola campaniça, o Sr. Francisco António.
Gravei , para divulgação na Rádio Castrense, uns quantos temas que pelo motivo da surpresa , pela autenticidade e pela excelência das peças, geraram em mim um enorme sentido de inquietação dada a responsabilidade que passava, a partir daquele momento, a ter entre mãos.
 
No mesmo dia, conheci também , na Funcheira, o Sr. Manuel Bento e a D. Perpétua que abrindo-me as portas, interpretaram mais meia dúzia de modas, deixando-me rendido e desde logo empenhado, na promoção e na salvaguarda daquilo a que o Dr. José Alberto Sardinha chamou, com grande propriedade, de «o outro Alentejo».
 
De facto, era e é, o outro Alentejo que à data, quase todos desconheciam e outros tantos tinham já esquecido.
No regresso a casa, gizei formas de podermos, na Cortiçol, dar algum alento a esta realidade que era, obviamente, uma preciosidade cultural.
 
A partir daí e até agora, pelo menos todas as quintas feiras, na Rádio Castrense ouve-se tocar a viola campaniça que através de parcerias e empenhos variados, voltou a ser construída entre nós e tocada por dedos jovens, deixando de ser um instrumento ignorado, descordoado e coberto de pó, só tocado, ocasionalmente, por dois ou três velhos mestres no isolamento de quatro paredes.


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praça da telepará - Por Abilio Pacheco - Uma praça, não - praça, improvisada

 
praça da telepará - Por Abilio Pacheco - Uma praça, não - praça, improvisada
 
Em dezembro de 2010, quando enviei a crônica de aniversário, dentre as respostas recebidas uma foi de Miriam Leila, que transcrevo no post scriptum. A mensagem motivou esta crônica.
 
Cheguei a Marabá em 84, fazendo mais ou menos o mesmo caminho de muitos marabaenses, nascidos nordestinos como o fundador da cidade. Eu vinha de Coroatá, calma e pacata, lírica e idílica, poética… Embora tivesse pouca mobilidade em Coroatá, por ser menino agarrado em saia de vó, eu me divertia muito nas praças. Num raio de um quilômetro e meio eram seis praças. Nem sei o nome de todas. Recordo-me de todas e da forma como chamávamos algumas delas: praça da igreja, praça do triângulo, praça principal (com nome de político maranhense), da praça do atlantis…
 
As praças são esses espaços públicos que fazem parte de nossa história, nossa memória de afetos. Espaço de crianças brincarem, jovens passearem e namorarem, adultos descansarem do trabalho, pais levarem filhos para um divertimento semanal, idosos fazerem o tempo passar, ambulantes trabalharem, políticos fazerem campanha, estudantes fazerem gincanas, manifestantes fazerem barulhos…
 
Sempre gostei muito de praças. Eu - menino em Coroatá não me dava conta de tantos usos das praças. Depois que mudei para Marabá, todo retorno a Coroatá era um reencontro com as praças, as mesmas praças, mas modificadas. A cada viagem elas se revelaram outras para mim.
 
São quase trinta anos e mais de quarenta retornos a Coroatá. O reencontro com as praças também se dava por causa do que faltava na minha Marabá da década de oitenta. Especialmente na parcela da Marabá onde eu vivia e por onde transitava: a Nova Marabá.
 
Marabá é uma cidade que nasceu na confluência dos rios Tocantins e Itacaiúnas (algumas versões apontam para o Burgo do Itacaiúnas, mas opto pela versão de mais circulação), onde Francisco Coelho instalou-se com moradia, comércio, depósito e salão de festas. O nome é em homenagem a Gonçalves Dias e ao poema «Marabá», sempre declamado nos aniversários da cidade.


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FERNANDO NAMORA – Domingo à Tarde - Por : PEDRO LUSO DE CARVALHO

 
 
FERNANDO NAMORA – Domingo à Tarde - Por : PEDRO LUSO DE CARVALHO

FERNANDO NAMORA (Fernando Gonçalves Namora) nasceu a 15 de abril de 1919, em Condeixa (Coimbra), Portugal, e faleceu em Lisboa no dia 31 de Janeiro de 1989. Iniciou o curso secundário em Coimbra, continuou em Lisboa e o concluiu na cidade Coimbra, onde se formou em Medicina, em 1942. Mais tarde, Mário Sacramento escreveria: «Fernando Namora foi, desde sempre, médico - escritor e, com o dobrar dos anos, tornou-se escritor - médico.»

Em 1937 o grande escritor português fez sua estreia nas letras com o livro de poemas Relevos e com o romance Sete partidas do mundo. Em 1940 e 1941 publicou mais dois livros de poesia, Mar de Sargaço e Terra. Em 1959 sua obra poética foi reunida no livro As frias madrugadas. Em 1969 lançou Marketing, outro livro de poesia.
O seu primeiro grande romance foi Fogo na noite escura (1943). Depois foram editadas, entre outras obras de Fernando Namora: Casa de Malta, novela, 1945; A noite e a madrugada, romance, 1950; O trigo e o joio, romance, 1954; O homem disfarçado, romance, 1957.

Fernando Namora recebeu os seguintes prémios: Prémio Ricardo Malheiros da Academia das Ciências de Lisboa, pelo romance Minas de São Francisco (1946); Prémio Vértice, pelas narrativas Retalhos da vida de um médico (1ª série, em 1949); Prémio José Lins do Rego, pelo romance Domingo à tarde (1961).

O escritor tem seus livros traduzidos para o castelhano, catalão, francês, inglês, alemão, italiano, romeno, checo, russo, esperanto, sueco, holandês, búlgaro etc. Fogo na noite escura é o oitavo livro de Fernando Namora editado no Brasil.
 
 
 
 
 

Poesia de Ilona Bastos - CINZA E PRATA; SE TU SOUBESSES...; CAMINHOS

 
Poesia de Ilona Bastos - CINZA E PRATA; SE TU SOUBESSES...; CAMINHOS
 
 CINZA E PRATA
 
De cinza e prata
é esta visão invernal
De céu pesado, frio estático,
Rígidas construções metálicas,
Arvores esqueléticas.
 
Sabemos que existe gente
Nos pisos em open space
Destes edifícios altos,
Desumanos na escala
E argêntea aparência.
 
Sabemos que corre seiva
Verde, fresca, viva,
No interior destes troncos
Finos, despidos,
Com a aparência da morte.
 
De cinza e prata
São os nossos medos
E os nossos sonhos.


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«Histórias de Macau» por Altino do Tojal - Texto de João Botas em Macau Antigo

 
«Histórias de Macau» por Altino do Tojal - Texto de João Botas em Macau Antigo
 
Altino do Tojal deu a Histórias de Macau uma estrutura cronológica: o livro começa no táxi que o leva ao aeroporto de Lisboa, para uma viagem a Macau, e acaba noutro táxi que o traz do mesmo aeroporto, no regresso a casa.
 
Desde a partida até ao regresso são quarenta histórias. Mas, para mim, Histórias de Macau não é um livro de contos; o livro impõe-se-me muito mais como um romance em quarenta capítulos, centrado em Macau, essa Macau onde ao longo dos séculos afluíram aventureiros, busca - vidas e outras gentes levadas pela sorte incerta.
 
São 40 contos, 40 capítulos, 40 universos individuais, uma densa teia humana que nos leva a participar na aventura já nostálgica do derradeiro recanto do Império colonial português. E é impossível referi-los a todos, até porque cada um deles deverá ser tomado em função do conjunto.
 
Fazem parte de um mesmo olhar, do olhar de um finíssimo observador das pessoas, das suas aparências como das suas essências, e das relações complexas que as unem e separam. Porque esse é o cimento que agrega todos estes pequenos mundos: a perspectiva única e irrepetível do consumado contador de histórias que é Altino do Tojal.
 
 
 
 
 

Tão linda que é a Paula - Conto de Daniel Teixeira

 
Tão linda que é a Paula - Conto de Daniel Teixeira
 

E é assim como vou dizer que as coisas se passam e devo logo dizer que há muito tempo que não escrevo, assim como estou a escrever agora e que não sei se vou conseguir dizer tudo o que quero, mas vou tentar, vou tentar ser claro, vou tentar fazê-los compreender como as coisas se passaram, todas as coisas, desde que conheci a Paula.
 
É linda, ela, muito linda e ainda hoje acho que ela é linda mesmo que não a possa ver lá onde ela está todos os sábados, precisamente às dez horas da manhã, quando vou vê-la. Quer dizer eu posso vê-la, posso olhar para ela, posso ver se a sua face se alterou e posso saber até que ela hoje é ainda mais linda, sempre mais linda, porque isso é possível, é possível que uma pessoa linda seja cada vez mais linda, mas isso não posso descrever aqui porque embora a veja não posso vê-la como me vejo a mim mesmo e nem sei se ela me pode ver a mim.
 
Tenho que imaginar a Paula e só posso imaginá-la assim, cada vez mais linda sem a ver vendo-a na mesma. Não me explicaram isso e deviam explicar como é que aquele vidro grosso que nos separa todos os sábados, às dez horas, infalivelmente às dez horas, porque é que aquele vidro grosso não me deixa vê-la mesmo, assim como me vejo a mim.
 
Deviam explicar isso às pessoas, acho eu, deviam dizer quem vê quem através daquele vidro grosso e se nenhum dos dois pode ver o outro. Deviam explicar isso muito bem, deveriam dizer-me a mim e eu não sei se eles não me disseram a mim e não explicaram também à Paula. Por isso acho que eles não devem ter explicado a nenhum de nós como as coisas se passam.
 
Já perguntei à Paula se ela me vê mas não tive resposta, por isso acho que não há som que passe aquele vidro grosso onde estive há poucos minutos. São dez e vinte agora e deixaram-me lá ficar só quinze minutos. Quinze pequenos minutos para que duas pessoas estejam próximas quando estiveram juntas toda a sua vida, até aqui. Agora estamos divididos: eu para cá do vidro grosso e ela para lá do vidro grosso. Acho que deviam explicar o porquê disso tudo mas não explicam.

 
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domingo, 21 de julho de 2013

Jornal Raizonline nº 232 de 22 de Julho de 2013 - COLUNA UM - Daniel Teixeira - As minhas memórias mais próximas (LIII)- Mais uma semana, mais um jornal Raizonline

 
Jornal Raizonline nº 232 de  22 de Julho de 2013 - COLUNA UM - Daniel Teixeira - As minhas memórias mais próximas (LIII)- Mais uma semana, mais um jornal Raizonline  
 
Apesar das dificuldades que aceleram neste período do ano: renovações de espaços na Net, transferência de ficheiros em marcha muito lenta, por vezes, e factores de ordem diversa, vamos fazendo o nosso jornal e vamos marcando alguns pontos na estabilização no tempo deste projecto que começou do zero e tem andado sempre um pouco próximo dele no plano da sua organização e feitura.
 
Durante todos estes anos nunca tivemos uma oferta de ajuda no plano técnico informático e a única que nos apareceu não foi propriamente uma oferta de ajuda mas sim um pedido de ordenado para recebimento do qual e em troca, essa pessoa faria o favor de nos tratar de alguns aspectos do jornal e sua envolvência no plano informático.
 
Claro que podemos dizer que não temos dinheiro nem para mandar «cantar um cego», que é uma terminologia de que eu não gosto muito mas que faz parte da tradição popular. Aliás, diga-se em abono da verdade que o grande desafio que lançámos logo no início (antes do primeiro número sair para as «bancas») foi precisamente esse, o de conseguir manter um projecto, que neste momento vai em cerca de 150 semanas, sem gastar um tostão.
 
Na altura em que isso foi falado os sites gratuitos na Net eram uma possibilidade que dava garantias, depois disso as coisas modificaram-se um bocado ou mesmo muito e manter um arquivo permanente na Net em sites gratuitos depressa se mostrou inviável, transformando a nossa vontade de «não gastar um tostão» na obrigatoriedade de comprar espaços anualmente, o que temos estado a fazer.
 
 
 
 

 

Poemas de Luis Da Mota Filipe - As árvores morrem de pé; Na doçura das palavras

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Poemas de Luis Da Mota Filipe - As árvores morrem de pé; Na doçura das palavras        
 
As árvores morrem de pé    

Outrora foi vida  
Mais que amada; desejada  
Mais que folheada; floreada  
Mais que verdejante; refrescante  
Uma princesa da floresta  
Uma rainha da sombra  
Foi vida…vivida E deu imenso  
E tanto que ofertou  
Sempre presenteou…tanta vida!  
Agora nua e triste  
é um resto de tronco escuro  
Despida num casco enrugado  
Carregado de fendas  
São as marcas de um passado  
Agora…ali, em tons de secura profunda  
Habita apenas a solidão e o abandono  
Hoje…somente, um palco de cortes  
Um misto de golpes  
Um punhado de rasgos  
Já não vive das estações do ano  
Desconhece a chuva, sol e vento  
Habitando nela apenas…o silêncio!
 
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Poesia de Valdeck Almeida de Jesus - Meu armário ; Meu Ano Novo é de tristeza ; Este amor é proibido ; Caminhando só

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Poesia de Valdeck Almeida de Jesus - Meu armário ; Meu Ano Novo é de tristeza ; Este amor é proibido ; Caminhando só  
 
 Meu armário
 
Quando te abro  
Vejo meu peito escancarado ao mundo:  
Cartas, livros, poemas,  
Tristezas e alegrias escondidas pelos cantos;  
Fraquezas, grandezas, partes de mim;  
Cheiro de mofo, perfume, ciúme;
Tudo o que compõe minha alma de contradições.  
Me fecho e não deixo que te vejam,  
Que te mexam, para não arriscar  
Te tornar alvo dos menos esclarecidos  
E para que não te machuquem.
 
Valdeck Almeida de Jesus
 
 
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Poesia de Varenka de Fátima - No calor do verão ; No inverno ,o amor é uma canção; Outono, nasce um novo amor ; Primavera, e um amor.

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Poesia de Varenka de Fátima - No calor do verão ;  No inverno ,o amor é uma canção; Outono, nasce um novo amor ; Primavera, e um amor.      
 
No calor do verão
 
No calor do verão, nesta estação  
Fico a procura do amor, achei...  
Voo para teus braços sem frescura  
Teus olhos sedentos será luz em mim
 
Nossas bocas unidas num grande beijo  
Nossos corpos num intenso abraço  
Unidos pelo nosso profundo desejo  
Nossas almas em total cumplicidade
 
A tua voz sussurrando palavras vãs  
Que me excitam, fico enlouquecida  
Toca-me com intensidade, vais descendo  
Com as mão ritmadas, aumentando o gozo  
Sacia este desejo louco que é nosso  
Neste ardente amor ficamos neste verão.
 
Varenka de Fátima Araújo

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Etevaldo e Marinalva - Por Se Gyn

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Etevaldo e Marinalva - Por Se Gyn 
 
Etevaldo sempre foi um sujeito meio estressado. Mas, a aposentadoria o deixou bem pior... Agora, o que lhe sobrava era tempo ocioso, e assim, e passou a se ocupar mais de todas as coisas, inclusive as irrelevantes, declinando sempre a intensa opinião sobre as coisas do mundo e, em seguida, alegando que isto está relacionado com seu suposto senso de justiça, e o compromisso com o que afirmava ser a verdade e franqueza, da qual não escapavam nem a família.
 
 O contrário do Etevaldo é sua dedicada e paciente esposa, dona Marinalva, um doce de mulher, cuja vida dedicou ao lar e à família e, a quantos mais necessitassem, sempre predisposta a ouvir e, muito comedida em apresentar suas opiniões e conselhos, sendo por isso mesmo, a âncora e, ponto de equilíbrio da família. Sempre que o marido apronta das suas, é ela era que sai em campo, usando de muito jogo de cintura e candura, para desfazer as presepadas do marido, que mais e mais, o isola do convívio dos amigos e da família.
 
Dizem que os maus bofes do Etevaldo, em parte, tem a ver com sua aposentadoria da profissão de eletricista, e da perda do status do vistoso cargo de «gerente regional», que ocupou por longos 20 anos, depois de uma lenta ascensão profissional na empresa de energia elétrica local.
 
Etevaldo se aposentou, mas dona Marinalva, não. Ela continuou com os mesmos afazeres e obrigações, com os cuidados com a casa e, adicionalmente, tinha de aturar o marido arrevesado em regime full-time, tendo de suportá-lo um dia após outro, zanzando pela casa, fazendo objeções a tudo.






A Previsão da Impunidade... - Por Paulo em Filhos de um Deus menor

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A Previsão da Impunidade... - Por Paulo em Filhos de um Deus menor 
 
A situação politica e social em Portugal permite-nos fazer previsões no que concerne à impunidade.
Poderá acontecer que, minados embora os alicerces morais e da civilidade do estado social, este se mantenha, por algum tempo, na base do receio das punições estaduais, que tentarão garantir um certo mínimo ético, definido pelo poder.
 
Mas, para isso, era preciso que as sua dureza ou solidez da rede preventiva estabelecida, as sanções legais fossem, efectivamente, temidas. A verdade é que, infelizmente, não é assim.
 
Agigantaram-se as previsão de que as infracções ficarão impunes e, por isso, o alargamento da esfera da marginalidade tende a alargar-se no interior do Estado.
 
E, por autodefesa contra os marginais, ou por natural propensão dos homens para claudicarem, lesando o seu semelhante e renunciando ao próprio aperfeiçoamento, alastrará a convicção de que tudo é permitido.
 
Os últimos acontecimentos demonstraram que a «voz de Deus», - ouvida desde as ilhas selvagens - não teve eco a 1000 quilómetros de distância. Agora a desobediência à voz de «Deus» - que foi tão apelativa - o próprio Estado há-de ser tentado a renunciar às suas funções, duvidando da legitimidade, do fundamento, para exercê-las.