segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Outono da Vida - Crónica de Maria das Candeias Leal

 
Outono da Vida - Crónica de Maria das Candeias Leal
 
Primavera é nascer / Verão esperança e desventura / o Outono envelhecer / o Inverno a sepultura/. Canta-nos Jorge Ferreira, numa das suas canções cujo nome esqueci.
Esta quadra vem-me à mente várias vezes. Talvez por me sentir no Outono da vida e pensar que o Outono é uma das mais belas estações do ano e muito mais da vida. E é nele que recolhemos tudo o que plantámos na Primavera e no Verão.
 
Semear não é tão agradável como recolher. E muito mais aprazível colher os frutos, legumes, hortaliças, enfim, tudo o que podemos cultivar nos nossos pequenos e grandes pomares, ou quintais, terrestres. Igualmente, acontece com os outros frutos, que são invisíveis aos nossos olhos, mas podem ser vistos com o coração. Por isso, meus amigos, cultivem o melhor que puderem, pois sendo assim poderão recolher tudo da melhor qualidade.
 
A Primavera da nossa vida, não é por nós vivida a fundo; somos demasiados pequenos para a saber viver. O Verão, passa-se na esperança e na desventura. Na expectativa de algo bom, que por vezes nunca chega, na desgraça do nosso próprio viver que afinal não chega a ser vivenciado. Andamos numa correria, cuidando de tudo e de todos, pensando no futuro dos filhos, alongando essa estação com receio de começarmos na outra, julgando que, ao entrar nela, chegamos ao fim da caminhada. O Inverno pode ser só a doença e a sepultura, por isso também não é vivido com qualidade por muitos de nós.
 
O Outono da vida, não é o fim da caminhada, mas sim uma pausa no caminho, onde temos mais tempo para apreciar tudo o que por nós passou durante esse período de vida que não foi realmente vivido como se deveria. Na minha maneira de ver, é no Outono da vida que conseguimos saborear as outras três. Vivemos a Primavera dos nossos netos, o Verão dos nossos filhos e o Inverno dos nossos pais.
 
 
 

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