domingo, 2 de fevereiro de 2014

Os meus fantasmas - Conto de Virgínia Teixeira



Os meus fantasmas

 

Conto de Virgínia Teixeira

 


Quando comecei a escrever não havia mais do que ideias a voar, como pássaros selvagens, na minha mente confusa. Tentei apanhá-los com as mãos nuas, mas eles continuaram a escorrer-me pelos dedos, e a circundar a minha mente vezes sem fim. Foi então que os tentei segurar com um lápis, e eles docemente foram pousando na grafite prateada, um a um.

Primeiro uma frase, depois um enredo, e quando estes voaram para longe, uma personagem, primeiro enevoada, como uma mulher num campo coberto pelo nevoeiro de uma madrugada de Inverno, depois, a cada linha, a cada página, uma mulher descoberta pelo amanhecer vagaroso de um dia de Primavera.

Aconcheguei-me no cadeirão, com aquele mundo a descobrir assente nos joelhos, e escrevi a primeira frase. Depois a segunda, e quando comecei a terceira, senti o ar à minha volta a mudar, e o caminho começou a clarear.

E foi então que eles surgiram, uns taciturnos e desconfiados, como se temessem que eu não os soubesse representar e outros tão alegres que pareciam dançar. Uns apareceram-me ainda crianças, meninas traquinas de saias rodadas, outros já homens feitos, mas ainda cheios de esperança. Ao canto da sala surgiu-me um velhote de rosto cansado, mas um sorriso de contentamento que me encheu a alma. Ao meu lado as três, a pequena que não conhecia a morte; a mulher determinada com a ceifa empunhada; e a mulher de rosto sulcado e olhar a raiar a ternura.

Leia este tema completo a partir de 3 de Fevereiro carregando aqui.

4 comentários:

  1. A Língua Portuguesa é muito fraca de adjetivos que consigam qualificar a emoção e sentimento que ela transporta para o mundo que cria em palavras: magnifico fica muito aquém do que quero dizer. Divinal não chega bem lá :)

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  2. É um texto Brilhante, este que acabo de ler. Parabéns, amiga Virgínia Teixeira. Foi um excelente momento de leitura.
    Beijinho
    Cremilde Vieira da Cruz

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    1. Muito obrigada Cremilde Vieira da Cruz, fico feliz por lhe ter proporcionado um bom momento de leitura. Beijinho

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