Crónicas
da Infâmia
Por Maria José Vieira de Sousa
Retirado do Blogue Livres Pensantes
I - O retorno
O tempo em que escrevi sobre o país e o mundo, sobre a actualidade que se
renovava constantemente, terminou há muito. Esgotou-se na sucessão dos dias como
acto rotineiro. Denunciei-o por comum acordo.
Escrevi. Fi-lo com angústia, com dor, com sobressalto, mas ancorada numa esperança de dias melhores. Era a crise que chegava. Era o início do tempo sem metas, sem rumo, sem certezas. E os começos nunca projectam a extensão da catástrofe que vão inaugurar. Incauta, resiliente, acutilante, caustiquei, vociferei contra quem governava o país, contra o desnorte que nos acometia, contra quem vendia ilusões , contra quem se abastecia no mercado das aparências, contra a incapacidade de assumir a inoperância, contra a falta de rigor, contra as aporias da verdade , da lealdade.
O devir dos dias , implacável, prosseguiu e o país foi-se apoucando nas mãos de quem nunca soubera gerir a res publica. Eleitos, os fariseus entraram no templo.
Vandalizar foi, de repente, um projecto.
Os verdadeiros negros dias da crise começaram. Era o tempo iníquo que a raiva não tinha previsto. O tempo da desumanização. O tempo da infâmia. O tempo da ausência de todos os «eus». O tempo desnudo, sem gente, sem pessoas. O tempo do esquecimento do «outro». O tempo que transforma o ser humano num excedente, num obstáculo à eficácia orçamental.
Escrevi. Fi-lo com angústia, com dor, com sobressalto, mas ancorada numa esperança de dias melhores. Era a crise que chegava. Era o início do tempo sem metas, sem rumo, sem certezas. E os começos nunca projectam a extensão da catástrofe que vão inaugurar. Incauta, resiliente, acutilante, caustiquei, vociferei contra quem governava o país, contra o desnorte que nos acometia, contra quem vendia ilusões , contra quem se abastecia no mercado das aparências, contra a incapacidade de assumir a inoperância, contra a falta de rigor, contra as aporias da verdade , da lealdade.
O devir dos dias , implacável, prosseguiu e o país foi-se apoucando nas mãos de quem nunca soubera gerir a res publica. Eleitos, os fariseus entraram no templo.
Vandalizar foi, de repente, um projecto.
Os verdadeiros negros dias da crise começaram. Era o tempo iníquo que a raiva não tinha previsto. O tempo da desumanização. O tempo da infâmia. O tempo da ausência de todos os «eus». O tempo desnudo, sem gente, sem pessoas. O tempo do esquecimento do «outro». O tempo que transforma o ser humano num excedente, num obstáculo à eficácia orçamental.
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