segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

O ORACULO - Um Conto / Crónica - Por João Furtado

 
O ORACULO - Um Conto / Crónica - Por João Furtado 
 
Foi o Gregório quem levou aquele livro, o copo e um dado, recordo como se fosse hoje, por duas razões. Uma porque o dado era de fundo vermelho e pontos brancos, a cor que fazia lembrar o equipamento do Benfica. A outra razão é a rivalidade entre mim e o livro, para todos o livro dava uma resposta sonhadora, menos eu. Definitivamente, o «ORACULO DE NAPOLEAO» não quis nada comigo.
 
Chegou como uma novidade lá em casa, era o livro da sorte e todos queriam saber a sua sorte. Desde as minhas irmãs até o meu pai, mesmo ele que era pouco dado as novidades ficou entusiasmado. Todos queriam saber o que seria seu futuro.
 
Pegavam no copo, colocavam o dado dentro do copo, agitavam o copo em movimento giratório enquanto proferiam a frase que o Gregório nos ensinou que era «Oráculo de Napoleão, Oráculo de Napoleão, diga-me….». Num movimento rápido embarcavam o copo sobre a mesa. Viam qual o número que coube a sorte e no livro, procuravam a resposta. As perguntas eram as que previamente se viam no livro.
 
As minhas irmãs, a minha mãe e o meu pai ficaram todos satisfeitos com as respostas obtidas e estavam ansiosos para continuarem o jogo. Pelo menos estavam a viver uma vida de ilusão por algum momento.
 
Chegou a minha vez e queria que eu me despachasse o mais rápido possível, para continuarem a perguntar. Todos tinham mil perguntas a fazer e queriam a resposta.
 
Tinha pouco mais de sete anos. Era a idade de fantasias e a pergunta devia ser sobre algum brinquedo ou outra fantasia de criança, mas eu não perguntei se ia conseguir uma bola no próximo Natal. Não quis saber se o Pai Natal olharia para mim, já que nos outros seis anos da minha vida ele nunca se lembrou de mim. Bem, mesmo que quisesse perguntar, não sei se a pergunta estava no livro.
 

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