Duda
Conto de
Jorge Sader Filho
Todos que escrevem sabem: inventamos muito. Situações, fatos, pessoas.
Inventamos? Pode parecer que sim, mas é difícil alguma coisa vir do nada. Melhor, não é difícil, é impossível. Não só para escrever, mas para todos os ramos da arte. A criação segue um processo, e nunca se pode imaginar o resultado. Mas não parte do imaginário puro. Nunca parte.
Assim é que a mulher que Yuri conheceu e logo se apaixonou parecia ter surgido do nada, sem pai nem mãe, sem uma história anterior que convencesse. Tudo parecia ilusório. Mas não. Ela estava — estava? — em todas as partes, no copo, no gosto do café acabado de fazer, no seu pensamento... Ora, tinha existência, portanto.
Escrevia para ele, textos curtos, incisivos e muitas vezes contundentes. «Você estragou nossas vidas», quando se referia à união que não se realizou. De nada adiantava querer negar; era o que ela pensava, dizia e estava convencida. Negar como? Aparecia como vinda do nada, linda, meiga, delicada e maravilhosamente entregue a um amor que Yuri nunca entendeu. E é de dar pena dele. Foi burro, uma besta, em nome de sabe-se lá o quê.
Inventamos? Pode parecer que sim, mas é difícil alguma coisa vir do nada. Melhor, não é difícil, é impossível. Não só para escrever, mas para todos os ramos da arte. A criação segue um processo, e nunca se pode imaginar o resultado. Mas não parte do imaginário puro. Nunca parte.
Assim é que a mulher que Yuri conheceu e logo se apaixonou parecia ter surgido do nada, sem pai nem mãe, sem uma história anterior que convencesse. Tudo parecia ilusório. Mas não. Ela estava — estava? — em todas as partes, no copo, no gosto do café acabado de fazer, no seu pensamento... Ora, tinha existência, portanto.
Escrevia para ele, textos curtos, incisivos e muitas vezes contundentes. «Você estragou nossas vidas», quando se referia à união que não se realizou. De nada adiantava querer negar; era o que ela pensava, dizia e estava convencida. Negar como? Aparecia como vinda do nada, linda, meiga, delicada e maravilhosamente entregue a um amor que Yuri nunca entendeu. E é de dar pena dele. Foi burro, uma besta, em nome de sabe-se lá o quê.
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