A Máquina de Joseph Walser: Gonçalo M. Tavares - Por Sylvia Beirute
O romance A Máquina de Joseph Walser, do escritor português Gonçalo M. Tavares, é um livro pertencente à tetralogia O Reino (editada em Portugal pela Caminho), também apelidada de Os Livros Pretos, em razão das capas de fundo totalmente negro e com letras brancas, prenúncio do ambiente que se pode encontrar nos quatro livros.
Destes livros, o meu preferido é Um Homem: Klaus Klump, e confesso que Jerusalém, sendo inegavelmente um bom livro (vencedor do Prémio Saramago), me desiludiu um pouco, talvez por não ter encontrado nele tanta poesia como em Klaus Klump e Joseph Walser (e mesmo Aprender a Rezar na Era da Técnica), e pela escrita muito mais directa e menos reflexiva.
Este A Máquina de Joseph Walser é um bom livro acerca da solidão e isolamento nas suas múltiplas faces e consequências. A relação com a máquina com que há muito o protagonista trabalha, conjuntamente com a misteriosa colecção que possui num quarto fechado a sete chaves, vai muito para além do óbvio, prendendo-o singularmente a uma realidade, sem a qual, a partir de certo momento, e alterado o que subjaz à sua substância, não conseguirá viver.
Há como que, a meu ver, um reconhecimento de uma infelicidade estável, que se torna inofensiva, uma empatia com esse destino, a aceitação do dia-a-dia.
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