quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Voluntariado: Ano Europeu tem de ser mais que «cosmética»

Voluntariado: Ano Europeu tem de ser mais que «cosmética»

Igreja deve rejuvenescer os seus voluntários para chegar aos «campos de fronteira», diz presidente da Confederação Portuguesa

Lisboa, 05 Jan (Ecclesia) – O presidente da Confederação Portuguesa de Voluntariado, Eugénio Fonseca, quer que o 'Ano Europeu das Actividades Voluntárias que Promovam uma Cidadania Activa', que se assinala em 2011, seja mais do que uma "cosmética".

Em declarações ao programa da Igreja Católica na Antena 1, o responsável afirma que há o "risco" de o programa do Ano Europeu se resumir a "acções só demonstrativas daquilo que é superficial na acção do voluntariado", esquecendo "aquilo que é mais profundo, que tem a ver com as motivações e a organização".

Eugénio Fonseca espera que Portugal aproveite este ano para "ressuscitar com novo vigor" o "voluntariado de proximidade", que "está a fazer muita falta".

No entender do também presidente da Cáritas Portuguesa, o momento presente "seria muito mais doloroso" se não fosse a "acção de tanta gente que está na vida com a postura de dar de si, para além de dar o que é seu".

Os voluntários, que o responsável não sabe quantificar, respondem "às necessidades daqueles que estão a sentir com maior acuidade as consequências das medidas que tiveram de ser tomadas no contexto da crise".

Depois de qualificar os voluntários de "imprescindíveis", Eugénio Fonseca defende que o "novo modelo económico", que tem "obrigatoriamente de surgir", deve basear-se na "dinâmica da entrega aos outros pelo dom da gratuidade", aproveitando a "oportunidade extraordinária" conferida pelo actual contexto económico e social.

"Tudo seria diferente se tivéssemos a orientação da sociedade mais conduzida pelos valores da gratuidade, da entrega ao outro pelo seu bem", e não no "poder, lucro" e "aparências", refere.

O responsável mencionou também os desafios que se colocam à Igreja, a começar pelo "rejuvenescimento" dos seus voluntários, que facilitará a actuação dos católicos nos "campos de fronteira", por exemplo entre os "mais excluídos" e os "mais sós", onde as outras instituições "não sentem motivações" nem "têm condições" para estar.

Além da presença nas realidades onde o voluntariado é mais necessário, o dirigente destaca os benefícios que a dimensão espiritual pode proporcionar às relações humanas.

A "motivação acrescida" da Igreja Católica tem origem na "fé", que oferece a certeza de que "o outro" não é apenas "concidadão" mas "irmão", realça Eugénio Fonseca.

Diante desta perspectiva, o voluntário "tem de alterar o nível das suas obrigações", já que a gratuidade do seu trabalho "não se trata apenas de um dever cívico, mas de uma obrigação natural que resulta da fraternidade", acrescenta.

A direcção da Confederação Portuguesa de Voluntariado é constituída por membros da Cáritas Portuguesa, Instituto São João de Deus e Corpo Nacional de Escutas, que ocupam respectivamente os cargos de presidente, vice-presidente e secretário da plataforma.

Os restantes órgãos directivos incluem delegados da União das Misericórdias Portuguesas, entre outras entidades.

O Ano Europeu das Actividades Voluntárias que Promovam uma Cidadania Activa tem como objectivo geral incentivar e apoiar os esforços com vista à criação de condições propícias ao voluntariado e, ao mesmo tempo, aumentar a visibilidade dessas actividades.

Cada estado membro da União Europeia designou o Organismo responsável pela organização da sua participação nesta iniciativa, que em Portugal é o Conselho Nacional para a Promoção do Voluntariado.

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