Exposição sobre Herculano nos Jerónimos
Intitulada "Alexandre Herculano - guardar a memória, viver a História", a exposição terá carácter permanente e procura dar a conhecer "o vulto liberal e romântico", bem como o processo de acabamento da sala, que só aconteceu em 1885 para acolher o túmulo de autoria Eduardo Augusto da Silva, ex-aluno da Casa Pia. "A sala ficou por concluir no século XVI e os monges faziam a reunião capitular no coro alto. Após a morte de Herculano, em 1877, as Cortes decidiram terminar a sala do capítulo para que albergasse o seu túmulo, o que demonstra o reconhecimento que tinha pelos seus contemporâneos", explicou Isabel Cruz de Almeida, directora do Mosteiro dos Jerónimos. A trasladação do corpo de Herculano que se encontrava no jazigo da Família Gorjão em Santa Iria da Azóia para a sala do capítulo nos Jerónimos deu-se em 1888. Alexandre Herculano "é o pai da nossa História científica, foi um inovador na defesa do património, do regionalismo, do municipalismo, era um homem multifacetado sobre o qual havia o consenso de grande intelectual e homem sério", disse. "Herculano era reconhecido pela plêiade de intelectuais, nomeadamente Antero de Quental, como da política e até pela Família Real", salientou a responsável. A sala tornou-se também uma referência e posteriormente vários escritores e Presidentes da República ali foram sepultados. "Em 1940 até alteraram o baldaquino de modo a que o túmulo de Herculano no centro não se evidenciasse relativamente aos outros", contou. Em 1966, terminadas as obras do Panteão Nacional, todos os túmulos foram para lá trasladados com exceção do de Herculano, pois "a Portaria Real determinava ser a título exclusivo e irrevogável". A exposição dá "a possibilidade dos visitantes compreenderem esta sala do capítulo que não é como a dos outros mosteiros portugueses, pois está marcada por uma capela e uma enorme túmulo ao meio". Por outro lado, a mostra visa também "contar um pouco a história da personagem que está ali sepultada ao centro". O percurso do autor de uma História de Portugal é referenciado através de reproduções de fotografias e documentos, bem como a ecrãs táteis com ligação à Internet permitindo acesso a várias obras de Herculano, como "Lendas e Narrativas", "Eurico, o presbítero", entre outras. "Obras que foram traduzidas ainda em vida do escritor para inglês, espanhol e francês", referiu. O Mosteiro que é "o monumento mais visitado de Portugal, fica munido de mais uma valia que permitirá ao visitante conhecer quem está ali sepultado, e a sua época". A exposição conta com o apoio financeiro da Associação World Monuments Fund, e integra-se nas celebrações do duplo centenário do nascimento do intelectual, ocorridas em 2010. Alexandre Herculano nasceu em Lisboa em 1810 e morreu na sua quinta próximo do Cartaxo em 1877. (ES)
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