Sofia Gubaidulina em Lisboa
A compositora russa de 79 anos "não é catalogável" e está "sempre à frente da vanguarda", disse à Lusa o pianista Filipe Pinto-Ribeiro, diretor musical do ciclo A Hora da Alma, que decorre no CCB de 05 a 12 de Fevereiro. "Procurámos dar uma visão da sua obra escolhendo peças sinfónicas, corais e concertantes e, paralelamente, de diferentes períodos de composição: década de 1970, 1980, 1990 e 2010", explicou Pinto-Ribeiro. A obra encomendada pelo CCB à compositora cuja estreia absoluta pelo DSCH – Schostokovich Ensemble estava prevista para 09 de Fevereiro, não irá acontecer "por estar incompleta", adiantou Pinto-Ribeiro. O pianista afirmou que Sofia Gubaidulina esteve doente nos últimos meses o que a impediu que terminar a peça que, "apesar de praticamente pronta, ela não deixou estrear, tendo de se adiar". Sofia Gubaidulina subirá ao palco do Pequeno Auditório do CCB no dia 09 com o DSCH – Schostakovich Ensemble para tocar um programa que integra várias peças suas, algumas em estreia nacional, e também de Schostakovich. A compositora irá tocar um aquafone, instrumento de percussão que é constituído por uma caixa de metal com água e várias varetas, e que é tocado com um arco de contrabaixo. Sofia Gubaidulina, que completará 80 anos em Outubro, "tem tido um grande reconhecimento internacional, conquistou todos os principais prémios musicais e artísticos soviéticos e russos e tem recebido em média um prémio internacional por ano". O ciclo em Lisboa abre com o Coro da Rádio da Letónia dirigido por Sigvars Klava, no dia 05, pelas 21:00, no Pequeno Auditório do CCB, que interpretará "Sonnengesang" ("Cântico do Sol") e "Homenagem a Marina Tsvetayeva, de Gubaidolina, e ainda "Komm, Jesu, Komm", de Johann Sebastian Bach. A peça de homenagem a Tsvetayeva é apresentada pela primeira vez em Portugal. Relativamente à escolha de Bach, Pinto-Ribeiro afirmou que é um dos compositores que inspirou Sofia Gubaidulina. Segundo o pianista, tal como o compositor alemão a composição de Gubaidulina demonstra "grande domínio técnico formal, absolutamente genial". O ciclo integra ainda em estreia nacional do concerto para acordeão e orquestra, "Fachwerk", da compositora, pela Orquestra de Câmara Portuguesa (OCP) e o acordeonista Geir Draugsvoll. Este concerto realiza-se dia 06, às 17:00, no Grande Auditório, e além da peça de Gubaidulina, a OCP sob a direcção de Pedro Carneiro interpretará peças de Bach e de Beethoven. Beethoven é outro compositor fundamental na música de Gubaidulina que "também utiliza muito a dialéctica, [trabalha] os opostos", disse Pinto-Ribeiro. "A música de Gubaidulina transpira sensibilidade e espiritualidade apesar da estrutura da sua música utilizar princípios e técnicas muito complexos e de revelar um grande domínio técnico formal", referiu. O ciclo inclui ainda a exibição do documentário "Sophia, Biography of a Violin Concerto" (2008), de Jan Schmidt-Garre, uma conversa com a compositora orientada por António Pinho Vargas, no dia 11, e encerra com um concerto pela Orquestra Sinfónica Metropolitana sob a direção de Mikhail Agrest, sendo solista o pianista Filipe Pinto-Ribeiro. Agrest, segundo nota do CCB, é "um dos maestro predilectos da compositora", e será interpretado a sinfonia em doze andamentos "Stimmen… Verstummen…" e o concerto para piano e orquestra "Introitus", ambos de Gubaidulina, e a Sinfonia n.º 2 em ré menor de Beethoven. (ES)
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