quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O radioso talento de Alain Oulman nas salas de cinema

Cinema

O radioso talento de Alain Oulman nas salas de cinema

O emotivo e extraordinário documentário, é realizado pelo filho do compositor, Nicholas Oulman, e foi apresentado pela primeira vez no festival DocLisboa, em 2009, tendo conquistado o prémio para a melhor primeira obra.
Nicholas Oulman afirmou ter apenas procurado dar a conhecer o avô aos seus filhos, e contou uma história linda, tanto mais que absolutamente verdadeira.
"Alain Oulman passou pelo mundo quase como um anjo, de tal forma as pessoas falam dele, afectuosa e carinhosamente", disse.
Amália Rodrigues, para quem Alain Oulman compôs temas como "Gaivota", "Fandangueiro", "Com voz", "Maria Lisboa" e "Erros meus", "Havemos de ir a Viana", entre outros, referia-se-lhe como "um dos (seus) anjinhos da guarda".
"Antes de mais, acho importante que um filme seja cativante, com princípio, meio e fim, que faça sentir qualquer coisa. Que o espectador seja capaz de se identificar com algo que se diga ou com uma emoção que se está a tentar transmitir", acrescentou o autor.
E isso alcança-o pois transporta-nos para uma outra dimensão, a dimensão em que vivia certamente esse génio que é Oulman. A luz, a forma prazeirosa com a câmara é utilizada deleita o espectador que se irradia de luz ao ver este filme.
"O objectivo de um filme é para uma pessoa que está sentada numa sala viver e esquecer-se da sua vida e entrar naquele filme, ser levado por ele, ser cativado, e esse foi sempre o meu objectivo", realçou.
A história deste documentário não foi imediata, contou Nicholas que disse à Lusa ter aceitado fazer este tipo de documentário por sucessivas sugestões de amigos, do seu produtor e da própria mulher.
Valeu a pena, sem dúvida alguma, ao reatar esta extraordinária figura que se se tornou conhecida pelas absolutas composições só possíveis à voz de Amália, foi editor, encenador dos Lisbon Players, e lutador pelas liberdades.
"A ideia não surgiu de imediato, foi crescendo gradualmente. Comecei por querer fazer um filme de ficção sobre a história sobre um pai e um filho, acabei por me debruçar sobre a minha própria relação com o meu pai e comecei a ver percursos dele falando com a minha mãe e as pessoas, pois quando eu nasci ele já tinha 40 anos", afirmou.
Entretanto, Nicolas Oulman começara um outro projecto com o Museu do Fado, de catalogação de todo o material que existia relativo ao seu pai.
"Começaram, então, a dizer-me que já era tempo de se fazer justiça a Alain Oulman, nomeadamente o meu produtor, e comecei a desenvolver a ideia, a estrutura do documentário", contou.
O filme é narrado através de vários testemunhos, como se se tratasse da história de uma personagem.
"Na realidade o meu pai era uma personagem, um homem que expressava o seu amor e humanismo através da música", considera Nicholas Oulman.
Alain Oulman nasceu no Dafundo, Oeiras, em 1928, numa família judia "mas que não ia ao templo", como atestam as suas irmãs no documentário, e faleceu em Paris em 1990.
A obra "não é um filme de cabeças falantes, mas antes procura enquadrar cada uma das personagens num período [histórico] que foi importante e fascinante".
"Honestidade, verdade e empenho foram qualidades com que Alain Oulman atraiu as pessoas cultas e de determinado nível intelectual", referiu.
O documentário recorre a imagens de arquivo, designadamente da diva (leia-se Amália), mas também a testemunhos das irmãs que tratam por Pitou, os actores Raul Solnado e João Perry, os escritores Catherine Clément e Amos Oz, o técnico de som Hugo Ribeiro, o editor discográfico David Ferreira, e o guitarrista Fontes Rocha, entre outros.



Inez Benamor

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