domingo, 23 de março de 2014

Segunda-Feira ao Sol (2002) - Fernando León de Aranoa


Segunda-Feira ao Sol (2002) - Fernando León de Aranoa

Texto Recolhido em Cinema Pela Arte - Emmanuela


 Fernando León de Aranoa, com seu filme «Segunda-Feira ao Sol», lança luz sobre os batalhadores, pessoas que conheceu, que «falavam sobre o trabalho não como algo que gera riqueza, mas como uma coisa de muito valor. Algo com alto valor que você não pode maltratar nem falar mal ou transformá-lo em algo precário.»

Trajetórias errantes

E é com a exibição de uma real amotinação de trabalhadores injustiçados que o espanhol Fernando León de Aranoa inicia sua ficção sobre o colapso empregatício que afeta uma cidade portuária ao norte da Espanha.

Em «Segunda-Feira ao Sol»(2002), filme colecionador de prémios, Aranoa revela com extrema consciência uma grave deficiência socioeconómica da Espanha, constantemente mantida oculta pelo título de país de primeiro mundo. Javier Bardem, com uma aparência surpreendente, destaca-se com uma primorosa atuação.

Santa é o seu personagem, homem incorruptível com um adormecido espírito de liderança, o mais notável do grupo de errantes no breu do capitalismo excludente. Santa foi um dos muitos funcionários do estaleiro desativado assentado em terreno valioso, atualmente em processo de preparação para a construção de luxuosos hotéis e condomínios à beira-mar, excelente fonte de lucro para investidores do estrangeiro.

Partindo da crise de uma exclusiva classe trabalhadora, «Segunda-Feira ao Sol» centraliza uma questão independente: a perda da identidade social em razão da improdutividade. Distantes da abstemia mais comum em bem-sucedidos, os companheiros desempregados sempre se reúnem em alguma hora do dia no bar do Rico (Joaquín Climent), outro ex-operário do estaleiro, mas que encontrou esse meio, modestamente lucrativo, de investir sua rescisão; dinheiro polémico já que existia um movimento, defendido por Santa, de não condescendência, de negação à assinatura dos documentos de demissão.


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