sábado, 22 de março de 2014

Crónicas e ficções soltas - Alcoutim - Recordações - Por Daniel Teixeira - A estranha leveza do bucólico


Crónicas e ficções soltas - Alcoutim - Recordações  - Por Daniel Teixeira - A estranha leveza do bucólico

 Para mim, e para a larga maioria das pessoas, penso eu, dissertar sobre a desertificação humana de espaços não implica que o estudante se debruce exclusivamente sobre aquilo que podem ser consideradas as razões para que a tal de desertificação humana (sócio - económica) tenha tido lugar.

Desertificação existe em qualquer lado, sendo que nuns locais pode ser mais dramática nos seus resultados do que noutros. Aqui em Faro (cidade do Algarve cercada por mares e rias, campinas e um pouco de serra baixa) é recorrente o debate sobre a desertificação que se verifica na tradicional e histórica Baixa Farense.

Tradicionalmente e psicologicamente acoplada ao pequeno comércio, são relativamente poucas as pessoas que não atribuem ao surgimento das grandes superfícies e consequente deperecimento dos pequenos negócios habituais o actual estado (lastimável) em que a mesma baixa farense se encontra. Contudo aqui será necessário saber o que nasceu primeiro, se o ovo populacional se a galinha comercial.

E na verdade isto é quase como a Bíblia: primeiro foi o verbo humano. E por mais que seja difícil sustentar esta tese o certo é que o comércio foi crescendo à medida que as pessoas se concentravam nos iniciais passeios públicos e que um factor terá influenciado o outro em reciprocidade. E depois foi também o ovo populacional que se foi indo embora obrigando o pequeno comércio a ir progressivamente e em reciprocidade fechando as portas.

Bem argumentaram os pequenos comerciantes em carência, contra a besta monopolista, trazendo argumentos daqueles de puxar ao coração, mas esses argumentos não sustiveram, provavelmente nem por um segundo, o movimento que se desenhava havia já bastante tempo e que a necessidade de adaptação obrigava a ter tido em conta.


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