Doutor Joaquim Magalhães – récitas do 6ºano - Texto de Lina Vedes
Na década 50, vivíamos um regime sisudo e intolerante que pretendia encaminhar-nos para a OBEDIENCIA absoluta e nos obrigava a travar todos os sentimentos de AMOR e atracção sexual.
Para os nossos superiores, professores, pais e até padres, a FELICIDADE não existia, exerciam a autoridade como segredo do poder, numa verdadeira atitude repressiva.
Todos eles eram «donos» do saber e da razão, em todas as circunstâncias, exigindo de nós, submissão. Se não se aceitasse o caminho indicado por eles, seríamos excluídos da sociedade.
Na escola apontavam-nos, como exemplo a seguir, as façanhas de heróis que morreram na defesa da Pátria. As aulas de História ou de Organização Política não focavam o essencial, não eram esclarecedoras e muitos de nós vivíamos no analfabetismo político, julgando-nos os «melhores do mundo» (ensinavam-nos isso) …
O Dr. Joaquim da Rocha Peixoto Magalhães, um algarvio de adopção, professor de Português e Francês, era totalmente compreensivo, sabedor e respeitador da dignidade dos alunos. Não usava violência física nem moral para manter a ordem.
Como pessoa, todo ele era coração, nunca deixando escapar durante as aulas, uma boa poesia, ensaiando-a, permitindo que alunos mais vocacionados a representassem para deleite de todos.
Procurava todas as oportunidades para ler poesia francesa, iluminando o nosso espírito apático, inculto, pouco esclarecido nesse âmbito.
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