Talvez... - Conto de VIRGINIA TEIXEIRA
Talvez nunca ninguém entenda. Talvez com o tempo esqueçam esta ânsia no olhar. Talvez pensem que, assim como eles esquecem, ela conseguirá também esquecer.
Talvez um dia, quando a virem feliz com outro, se perguntem em que momento ele saiu dela. Mas não lhe vão perguntar. Se perguntarem, ela não lhes dirá em que momento foi. Não lhes dirá porque, mesmo feliz, não houve o momento. Ela nunca deixou de o querer. Ele será, ainda que nunca admita a ninguém, ainda o único.
Diferente, estranho, inesquecível. E ela, sempre que olhar o mar ou as montanhas ao longe, sempre que a virem de olhar perdido, vai estar com ele. Incapaz de o esquecer, incapaz de não o entranhar cada vez mais em si. Feliz por um momento, em que o sonho fica tão real que ela se sente, por um breve segundo mágico, novamente dele.
Ela caminha, traz a alma acorrentada à vida. Mas não traz tristeza, pelo menos não a tristeza angustiante que pensam. Ela traz, nessa ânsia insatisfeita, nesse querer sem ter, sorrisos sonhadores, lembranças mágicas, e o cheiro dele. E é feliz assim, mesmo que ninguém jamais lhe entenda o espírito.
Se ele existiu ela não sabe. Se foi verdade cada instante que traz consigo, não tem certeza. Mas lembra-se do que sentiu, e basta-lhe.
Talvez, mais do que falta dele, tenha falta de quem foi com ele. Ela sonha em ser real, sentir-se viva e sincera. Ela precisa lembrar-se do que é descer do palco.
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