domingo, 15 de setembro de 2013

PINIQUINHOS SEM ASAS - Texto de Antônio Carlos A. dos Santos, Acas

 
PINIQUINHOS SEM ASAS - Texto de Antônio Carlos A. dos Santos, Acas 
 
Dona Geralda era uma senhora dos seus sessenta anos e por todos muito querida, por ser amável com todos. Ela veio de longe, aqui para a fazenda São José, veio lá de Minas Gerais, de um lugar cujo nome me pareceu muito bonito: São Sebastião do Paraíso.
 
Extremamente pobre, poderia se dizer que era mesmo miserável. Não tinha nenhum bem, exceto a aliança e o bem querer da família. Mestre nas artes de quitandeira, dona Geralda era muito requisitada para ajudar em pequenas festas nas casas das comadres, tais como batizados, crismas e casamentos.
 
Fazia pães de queijo, pau - à - pique, mané - pelado, broa de milho, biscoitos de araruta e de mandioca, e de quebra cozinhava muito bem. A limpeza de sua casa era um primor. Suas roupas, além das de seu marido e filhos, apesar de surradas e rústicas, mostravam bem os dotes de dona Geralda: as camisas, vestidos e calças eram um remendo só, ou melhor, pareciam feitos de retalhos, tantos os remendos, uns sobre os outros, caprichosamente alinhavados (Geralda não possuía máquina de costura) porém fazia a própria roupa e da família, tudo costurado à mão!!, além da limpeza e a brancura de suas roupas, só comparável ao seu sorriso.

Pois bem, sendo eu um menino, me acostumei a comer todos os quitutes da dona Geralda, e muitas vezes consegui convencer minha mãe a convidá-la para fazer alguns pães de queijo ou broa de milho. Devido à generosidade dela, de vez em quando passava por sua casa, quando vinha da escola. Algumas vezes dava certo, e ela me oferecia bolo de fubá, pé de moleque e outras delícias.
 
 
 
 

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