domingo, 8 de setembro de 2013

Poesia de Mário Matta e Silva - Farófias; As árvores e o Caracol

 
Poesia de Mário Matta e Silva - Farófias; As árvores e o Caracol
 
 
Farófias
 
 Passo enfim a língua pelos lábios
 Arrepiadinho de tanta doçura
 E gemendo por sugar certa brancura
 Feito sábio entre os mais sábios
Senti imenso desejo de um abraço
 Tão forte, tão cheio de melaço!
 
 ó doce dos doces, farto e de sabor
 Ternurento o tomo em sobremesa
 Regalado na mais forte natureza
 Arraso o gosto de um amplo amor
 Empantorrado de coisas suculentas
 Me contorço em ânsias ternurentas!
 
 Não mais esquecerei tal gostosura
 Num conforto de próspero glutão
 Mostrando quanto doce é a paixão
 Submissa, branda e por vezes insegura
 Tão degustada assim no seu desejo
 Que mais se entranha que um repenicado beijo!
 
 Gula refinada que afaga a refeição
 Em luxúria crescente derramada
 Tão fofa, tão meiga se bem saboreada
 Que arregala em si qualquer paixão
 No desfazer na boca estas farófias
 Dão gozos, dão cócegas, dão bazófias!
 
28 de Agosto de 2013
 
 
 
 
 
 

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