Os «Anos Dourados» em Piracicaba (5): Quem «aconteceu?» Ora, «depois eu conto…» - «Acontecer» na coluna social era ser reconhecido socialmente - Por Cecílio Elias Netto
«Acontecer», «depois eu conto»
Os verbos «acontecer» e «receber» – usados, por Ibrahim Sued, para identificar pessoas que eram notícia, que «aconteciam», ou que davam recepções, anfitriãs – foram assumidos, com o mesmo significado, por Mauro Vianna - Marco Aurélio. A influência de Ibrahim Sued era flagrante, mas o novo colunista de Piracicaba não fez, em nenhum momento, questão de dissimulá-la. Na realidade, era como se Mauro Vianna tivesse, assumidamente, querendo criar, em Piracicaba, requintes da «Corte» brasileira, então e ainda no Rio de Janeiro.
De repente, «acontecer» – isto é: simplesmente estar, freqüentar – no Café Haiti, na «calçadinha de ouro», no Clube Coronel Barbosa, no Clube de Campo passou a ser muito mais do que a simples e corriqueira alternativa, por falta de opções, de uma sociedade que estava mergulhada em sua monotonia, talvez num destino de marasmos conservadores.
Ir àqueles lugares passou a significar estar sob observação, ser alvo de juízos, de críticas. No dia seguinte, a simples passagem pelo Café Haiti poderia significar, no «Café da Manhã», um destaque, uma definição de personalidade e de elegância – ou significar o simples anonimato. De início e por longo tempo, intelectuais e pessoas ideologizadas diziam tratar-se de um elogio à vaidade, às futilidades.
O historiador e latinista Guilherme Vitti, em defesa do purismo da Língua, aborrecia-se do sentido dado ao verbo acontecer. O próprio Sebastião Ferraz – então diretor e um dos proprietários do «Diário de Piracicaba» – era avesso ao colunismo social.
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Foi com muita ansiedade que li seu texto: tempos românticos esses!
ResponderEliminarViva a futilidade!
Viva o Mário Vianna!
Viva Piracicaba!