sábado, 21 de setembro de 2013

Aconteceu em Cravinhos: O TREM E A ROUPA - (ou A Segunda Vez Que Eu Ia Fazer a Primeira Comunhão) - Crónica de Antônio Carlos Affonso dos Santo (ACAS)

 
 
Aconteceu em Cravinhos: O TREM E A ROUPA - (ou A Segunda Vez Que Eu Ia Fazer a Primeira Comunhão) - Crónica de Antônio Carlos Affonso dos Santo (ACAS)
 
Era um sábado incomum. Há um bom tempo eu estava às voltas com os preparativos para a minha primeira comunhão. Durante muitos dias se discutiu se eu deveria usar uma roupa branca ou azul marinho. Finalmente chegaram à conclusão que só deveriam resolver no momento da compra.
 
Para se fazer a compra tinha que se ir para a cidade de Cravinhos, e para se ir até a cidade, desde a fazenda em que vivia era necessário passar por uma verdadeira via sacra. Tínhamos que tomar o caminhão dos boias frias que zarpavam da fazenda muito cedo, por volta de três e meia da manhã. O caminhão nos deixava próximo da cidade, mas não ia dentro da cidade.
 
Dali, tínhamos que esperar o ônibus que vinha da cidade vizinha (Santa Rosa de Viterbo), que nos levava até o «comércio» da cidade, onde minha roupa da primeira comunhão me esperava.
 
Só de pensar ficava excitado. E de tão excitado, não dormi. Muito antes do galo do terreiro cantar, sim porque na minha terra o galo é tido como um relógio, pois canta em horas determinadas; eu já estava de pé. Lavar o rosto, botar uma roupa de passeio pentear os cabelos e escovar os dentes nunca tinham sido atividades tão prazerosas.
 
 
 
 
 
 

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