domingo, 22 de setembro de 2013

Jornal Raizonline nº 240 de 23 de Setembro de 2013 - COLUNA UM - Daniel Teixeira - As minhas memórias mais próximas (LXI) - Diversidade com qualidade

 
Jornal Raizonline nº 240 de  23 de Setembro de 2013 - COLUNA UM - Daniel Teixeira - As minhas memórias mais próximas (LXI) - Diversidade com qualidade
 

Temos procurado fazer este jornal de uma forma que abarque, entre o material já publicado e aquele que é publicado semanalmente, um leque variado que componha as diversas subdivisões do mesmo de uma forma harmoniosa.
 
Nem sempre temos conseguido isso, há trabalhos que ficam muito tempo sem renovação e que ali ficam para que se mantenha essa variedade, prejudicando-se assim a renovação em favor da manutenção da diversidade e por outro lado há trabalhos que são renovados em tempos mais curtos, porque os seus autores de uma forma geral produzem bastante e seria a nossa ver injusto não dar neste jornal nota desse esforço.
 
Temos uma produção e chegada de material novo razoável, para não dizer boa, mas por outro lado não podemos também estar a renovar demasiado depressa o que está publicado, uma vez que as estatísticas mostram que muitos trabalhos são vistos (lidos) já em situação de arquivo e sabemos que nem sempre é fácil aceder aos exemplares arquivados por razões várias.
 
 
 
 

POESIA DE ROSE AROUCK - Que Me Importa Se Chove!; O Meu Cara!

 
POESIA DE ROSE AROUCK - Que Me Importa Se Chove!; O Meu Cara!
 
 
Que Me Importa Se Chove!
 
 Que me importa se chove!
 Por onde minha mente voa
 o sol brilha desenhando um rosto
 feliz de pessoa.
 
Que me importa se chove!
 No abrigo do meu coração há o calor dos
 afetos derramados,
 tapetes de veludos com hieróglifos pintados
 e um forte desejo a me arder...
 
Fecho a cortina da dor que quer doer.
 
Que me importa se chove!
 Se consigo reter os pingos do meu pranto
 que derramo sob a fúria do meu lamento.
 Chove, chove e eu não me importo,
 porque estou acima das lágrimas que ensopo
 na angústia do meu pensamento.
 
Um dia melancólico se dilui ante o vidro
 da minha janela embaçada a se derramar;
 busco o sol que brilha na minha alma
 e sorrindo espero com calma
 na certeza de ver a tempestade passar.
 
Que me importa se chove!
 Sei que a bonança da paz virá me encontrar.

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DECOTE DE ANDREZA - Por Marcelo Pirajá Sguassábia

 
DECOTE DE ANDREZA - Por Marcelo Pirajá Sguassábia 
 
Os seios de Andreza eram indecentemente belos. Tão ostensivamente lindos que não havia como não serem expostos em decotes generosos, sempre em tecido leve e transparente.
 
Tamanha era a beleza de seus contornos que, não raramente, Andreza provocava divórcios e outras desavenças conjugais por onde passasse. Não só pelo ciúme das esposas ao notarem os olhares demorados dos maridos sobre os bem torneados gêmeos, mas também pelo efeito contrário: quando não sucumbiam ao transe hipnótico dos seios da moça, resistindo bravamente à tentação, os maridos acabavam por sugerir uma masculinidade vacilante, o que levava à desconfiança das mulheres sobre o poder de fogo dos companheiros.
 
«Será que é homem mesmo esse traste que eu tenho em casa?», pensavam algumas. A dúvida sobre a «macheza do cabra» causava mais cisma e desconforto do que o interesse exacerbado – que seria a reação natural. Afinal, Andreza era Andreza.
 
Sua fama espalhava-se, e a cidade devia a ela uma homenagem. Então, com toda a pompa e circunstância, ergueu-se em praça pública um busto ao busto, esculpido em mármore de carrara e de proporções gigantescas, podendo acomodar, amontoada sobre suas curvas, toda uma família de até 12 pessoas e um cachorro de médio porte para a tradicional foto turística.


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Poesia de Pedro Du Bois - PRIMEIRA VIAGEM; TER; VERDEJANTE

 
Poesia de Pedro Du Bois - PRIMEIRA VIAGEM; TER; VERDEJANTE   
 
 
PRIMEIRA VIAGEM
 
 Faço as malas: papéis amassados
 papéis rasgados
 cópia autenticada
 da certidão de ir embora
 atestado de carreira
 contra recaídas
 tampões de orelhas
 tesoura de unhas
 o bigode raspado
 no disfarce

estrago o papel da bala no fazer
o desenho inimaginável do barco

embarco e saio
 atrás de mim
 as malas estalam
 em primeira viagem.

(Pedro Du Bois, inédito)


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História do Jazz - Texto de Helena Emília

 
História do Jazz - Texto de Helena Emília 
 
O Jazz nasceu diretamente da cultura negra. Nas viagens dos navios negreiros da Africa para os Estados Unidos, os negros que não morriam de doenças eram obrigados a dançar para manterem a saúde.
 
As danças tradicionais dos senhores os brancos eram as polcas, as valsas e as quadrilhas, e os negros imitavam-nos com o intuito e ridicularizá-los, mas dançavam de acordo com a visão que tinham da cultura europeia, e misturando um pouco com as danças que conheciam.
 
Dessa forma, surgiu a dança que era uma mistura da imitação dos ritmos europeus com os costumes naturais dos negros.
 
Em 1740, os tambores foram proibidos no sul dos Estados Unidos para evitar insurreições dos negros. Assim, para executar as suas danças, eles foram obrigados a improvisar com outras formas de som, como palmas, sapateado, e o banjo.
 
No início do século XX, as danças afro-americanas começaram a entrar para os salões, e a sofrer novas influências: do can-can e do charleston, principalmente. Logo, essa dança que se pode até chamar de «mista», tomou conta dos palcos e da Broadway, transformando-se na conhecida comédia musical. A comédia musical, por sua vez, não é nada mais que o segundo nome dado à dança mais conhecida como jazz.
 
A cidade de New Orleans teve um papel preponderante no início do desenvolvimento do jazz. A cidade era uma autêntica porta aberta aos sons picantes das Caraíbas e do México, e com uma população negra estabelecida, o crescente da cidade foi uma fonte de desenvolvimentos de novas musicas no início do século.
 
 
 
 
 
 
 

Poesia de Virgínia Teixeira - Eclipse; Pirata; Ser estranho

 
Poesia de Virgínia Teixeira - Eclipse; Pirata; Ser estranho
 

Eclipse

O eclipse chega montado num raio que esgrima o céu vibrante
Elas seguem-no com o olhar, as carpideiras de rostos taciturnos
O eclipse envolve-lhes o mundo num manto escuro num instante,
Abraçando com ferocidade o Sol com os seus tentáculos nocturnos
 
E elas olham, desamparadas, sem reter as lágrimas ainda no peito para derramar
Enquanto a escuridão se espalha, como uma sinuosa nuvem de pó negro
E tudo engole, num momento de terror, na senda de tudo apagar
Cada recanto. Cada rua. Cada casa. Cada memória. Cada alma.
 
As carpideiras ajoelham-se, gritando enlouquecidas um lamento visceral
Ai o Mundo! Todo o seu Mundo! Agora rendido, chamuscado, perdido…
O rio de lágrimas destas carpideiras condoídas abre caminho para o triste funeral …
 
O caixão vai pesado de sonhos, de memórias, de risos e de esperanças
E elas, as carpideiras, que carregam com temor esse caixão de um Mundo traído
E lamentam-no, esse cadáver envolto em solidão, despido de todas as crenças…


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Nascer/viver sem afectos - Retirado do Blogue Livres Pensantes

 
 
Nascer/viver sem afectos - Retirado do Blogue Livres Pensantes 
 
Cerca de cinquenta (50) crianças foram abandonadas pelas mães à nascença nas maternidades portuguesas durante o ano de 2010.
 
Muitas outras foram encontradas em sacos de lixo, em caixotes, ao relento pelo país. Aventar as razões que levaram estas mães a este acto é especular sobre sofrimento, pobreza ou sentimentos que não se contabilizam. No entanto, reflectir sobre o estado da justiça social e da protecção aos desamparados é necessariamente uma obrigação ancestral.
 
A exclusão e a perda de afectos que marca os sem-abrigo cuja imagem se ergue quase banalizada por tantas reportagens televisivas é também uma deriva desta incapacidade que o
 
Homem tem para com o outro ao consumir-se numa existência fútil de banalidades e de insensibilidade social.

As crianças são sempre as maiores vítimas. O elo mais fraco é a vulnerabilidade disponível na cadeia dos desprotegidos.

Os contos que Hans Christian Andersen escreveu para crianças retratam com actualidade situações que nos confrangem e que denunciam a perda de sentido de muitos rituais que marginalizaram a verdadeira essência do ser humano: o valor dos afectos.
 
 
 
 
 
 
 

O RISO - Por Miriam de Sales Oliveira

 
O RISO - Por Miriam de Sales Oliveira
 
• No campo psicológico - afetivo, pode ser provocado por um sentimento íntimo de alegria, de felicidade, de satisfação ou prazer: é uma reação involuntária;
• No campo linguístico, pode ser provocado por uma piada ou outro recurso humorístico: é uma reação involuntária;
• No campo sócio - cultural, pode ser uma ação voluntária do indivíduo, com o objetivo de expressar algum sentimento ou opinião dentro de um determinado grupo;
• No campo fisiológico, é uma reação involuntária. Pode ser provocado por uma ação mecânica(cócegas, por exemplo), por processos biológicos (feridas em fase final de cicatrização, por exemplo), ou ainda pelo consumo de alguma droga.
 
Neste último caso, um método bastante conhecido é a inalação de óxido nitroso, que não exatamente provoca a sensação de riso no indivíduo, mas causa uma contração involuntária dos músculos faciais. Outro método é o consumo da Cannabis, que pode induzir episódios de riso intenso. Esta segunda forma de riso por vezes pode levar às lágrimas ou mesmo a uma dor muscular moderada.
 
 
 
 
 
 
 

Os «Anos Dourados» em Piracicaba (5): Quem «aconteceu?» Ora, «depois eu conto…» - «Acontecer» na coluna social era ser reconhecido socialmente - Por Cecílio Elias Netto

 
Os «Anos Dourados» em Piracicaba (5): Quem «aconteceu?» Ora, «depois eu conto…» - «Acontecer» na coluna social era ser reconhecido socialmente - Por Cecílio Elias Netto
 
«Acontecer», «depois eu conto»
 
Os verbos «acontecer» e «receber» – usados, por Ibrahim Sued, para identificar pessoas que eram notícia, que «aconteciam», ou que davam recepções, anfitriãs – foram assumidos, com o mesmo significado, por Mauro Vianna - Marco Aurélio. A influência de Ibrahim Sued era flagrante, mas o novo colunista de Piracicaba não fez, em nenhum momento, questão de dissimulá-la. Na realidade, era como se Mauro Vianna tivesse, assumidamente, querendo criar, em Piracicaba, requintes da «Corte» brasileira, então e ainda no Rio de Janeiro.
 
De repente, «acontecer» – isto é: simplesmente estar, freqüentar – no Café Haiti, na «calçadinha de ouro», no Clube Coronel Barbosa, no Clube de Campo passou a ser muito mais do que a simples e corriqueira alternativa, por falta de opções, de uma sociedade que estava mergulhada em sua monotonia, talvez num destino de marasmos conservadores.
 
Ir àqueles lugares passou a significar estar sob observação, ser alvo de juízos, de críticas. No dia seguinte, a simples passagem pelo Café Haiti poderia significar, no «Café da Manhã», um destaque, uma definição de personalidade e de elegância – ou significar o simples anonimato. De início e por longo tempo, intelectuais e pessoas ideologizadas diziam tratar-se de um elogio à vaidade, às futilidades.
 
O historiador e latinista Guilherme Vitti, em defesa do purismo da Língua, aborrecia-se do sentido dado ao verbo acontecer. O próprio Sebastião Ferraz – então diretor e um dos proprietários do «Diário de Piracicaba» – era avesso ao colunismo social.


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sábado, 21 de setembro de 2013

Crónica de Arlete Piedade - Um dia novo, cada manhã

 
Crónica de Arlete Piedade - Um dia novo, cada manhã
 
Como não celebrar a vida, mesmo que o coração enfraquecido bata tão devagarinho e os pés tenham que tactear para descer as escadas do primeiro andar?
 
Como não querer viver, se por dentro dos vidros da janela do rés-do-chão em frente, um fofo gato preto e branco, espreita quem passa, qual almofada animada que por vezes se aninha dormitando ao sol?
 
Como não sentir a alegria da vida, quando na rua, passa um menino que acena rindo em direcção á janela do primeiro andar, onde o homem idoso espera por ele, para lhe dizer bom dia?
E diz-me ele: «Não havia aí um pássaro, que canta? Ele é meu? Ele canta para mim?» - Sim, é o seu canário, ali na marquise. Está a cantar, está contente.
 
E acrescenta espreitando o terraço que se estende nas traseiras do primeiro andar com uma arrecadação ao fundo: «Aquilo ali ao fundo também é meu? E as árvores, com aqueles frutos, que abanam ali do lado?»
 
Pacientemente respondo pela décima vez: Sim, é a sua arrecadação onde tem o seu escritório e os seus livros. E é sua, e o terraço também. Até aquela parede branca. Do lado de lá é o quintal da vizinha, com a laranjeira e as laranjas.
 
As árvores abanam ao vento forte deste inverno. Mas ele quer saber porque abanam, como um menino que descobre o mundo. - é o vento que sopra e faz as árvores abanar - Explico pela décima vez. Ele ri deliciado com o mundo que redescobre todos os dias.
 
 
 
 
 
 

Aconteceu em Cravinhos: O TREM E A ROUPA - (ou A Segunda Vez Que Eu Ia Fazer a Primeira Comunhão) - Crónica de Antônio Carlos Affonso dos Santo (ACAS)

 
 
Aconteceu em Cravinhos: O TREM E A ROUPA - (ou A Segunda Vez Que Eu Ia Fazer a Primeira Comunhão) - Crónica de Antônio Carlos Affonso dos Santo (ACAS)
 
Era um sábado incomum. Há um bom tempo eu estava às voltas com os preparativos para a minha primeira comunhão. Durante muitos dias se discutiu se eu deveria usar uma roupa branca ou azul marinho. Finalmente chegaram à conclusão que só deveriam resolver no momento da compra.
 
Para se fazer a compra tinha que se ir para a cidade de Cravinhos, e para se ir até a cidade, desde a fazenda em que vivia era necessário passar por uma verdadeira via sacra. Tínhamos que tomar o caminhão dos boias frias que zarpavam da fazenda muito cedo, por volta de três e meia da manhã. O caminhão nos deixava próximo da cidade, mas não ia dentro da cidade.
 
Dali, tínhamos que esperar o ônibus que vinha da cidade vizinha (Santa Rosa de Viterbo), que nos levava até o «comércio» da cidade, onde minha roupa da primeira comunhão me esperava.
 
Só de pensar ficava excitado. E de tão excitado, não dormi. Muito antes do galo do terreiro cantar, sim porque na minha terra o galo é tido como um relógio, pois canta em horas determinadas; eu já estava de pé. Lavar o rosto, botar uma roupa de passeio pentear os cabelos e escovar os dentes nunca tinham sido atividades tão prazerosas.
 
 
 
 
 
 

Ode ao dióspiro - Texto de Leocardo

 
Ode ao dióspiro - Texto de Leocardo
 
Recolhido no Blogue Bairro do Oriente
 
Quando tinha os meus sete ou oito anos tinha por hábito acompanhar a minha avó maternal ao Mercado Municipal, ou «praça», como lhe chama o povo. Foi graças a essas excursões de compras que desenvolvi uma certa dureza de estômago, que me permite encarar certas opções alimentares que custa a muito boa gente aceitar.
 
Tratava por tu as iscas de porco, as morcelas, o bucho – estômago de porco, que quando cru exala um cheiro pestilento – torresmos, enguias e tudo mais. Foi graças a este estímulo que não me incomoda o cenário dos mercados de Macau, com o peixe, as aves e as rãs a serem executados, escamados e depenados a pedido do freguês, de modo a garantir a frescura.
 
Para mim, que assisti ao meu pai a degolar centenas de galinhas e patos e esfolar dúzias de coelhos, isto não é nada. Aliás, já cheguei a fritar um peixe que ainda mexia enquanto o óleo a ferver lhe começava a conferir uma cor bronzeada.
 
Voltando às idas à «praça» com a minha avó. Numa dessas viagens passámos pela secção das frutas, e a boa velhinha compra meia dúzia de um fruto desconhecido, semelhante ao tomate, mas com uma cor alaranjada.
 
 
 
 
 

 

Histórias da Vida Real - Crónicas por Martim Afonso Fernandes - A Cadeia Pública

 
Histórias da Vida Real - Crónicas por Martim Afonso Fernandes - A Cadeia Pública
 

Em minha cidade natal tive vários amigos mais velhos, ou melhor, «com mais tempo de casa neste planeta!». Há amizades que conservo até hoje.
Alguns já mudaram-se para o piso de cima. E é muito bom recordar!

A cadeia pública ficava próxima da usina de geração de energia, da lagoa de alimentação e circulação do sistema energético. O acesso à cadeia era pela rua principal, onde localizavam-se estabelecimentos comerciais e residências.

Como os moradores eram ordeiros, se o carcereiro dependesse do dinheiro da carceragem para viver, morreria de fome.
A cadeia já servia de moradia para o policial responsável.

O movimento do Porto era ininterrupto. De vez em quando algum marinheiro tomava umas graspas fora da conta e aparecia fazendo algazarra.
A polícia logo fazia o convite e o levava para curtir o porre e «ver o sol nascer quadrado». A ordem de descanso era de doze horas.

Quando era alguém de Imbituba, conhecido do delegado ou do policial, que desse algum apronto, era recolhido para que servisse de lição.

A cela tinha grade de madeira e era fechada por fora. Só o nome «cadeia» já impunha respeito ou medo.

Geralmente depois do preso completar umas duas horas de estágio, o policial chamava o detento e dizia:
- Vou dar uma volta. Lá naquele canto tem uma taboa solta. Levanta e sai pelo buraco, mas coloca a taboa no lugar. Some, porque se eu te pegar por aí, vais passar uma semana toda dentro do cubículo.


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JORNADA CREPUSCULAR - Por Mário Matta e Silva - ALMEIDA GARRETT – UM POETA QUE FOI POLITICO LIBERAL E VISCONDE…

 
JORNADA CREPUSCULAR - Por Mário Matta e Silva - ALMEIDA GARRETT – UM POETA QUE FOI POLITICO LIBERAL E VISCONDE…
 

Na penumbra que nos deixa a tarde crepuscular, eu faço a minha jornada de hoje, por tempos conturbados do século XIX, tecendo uma simples homenagem a João Baptista da Silva Leitão de «Almeida Garrett,» nascido em 1799.
 
Estamos assim a 215 anos do seu nascimento. Não há jornada crepuscular da Revolução Liberal que o esqueça, pela sua biografia acidentada, como pela sua produção exemplar de muita prosa e muita poesia. Foi a este homem, que desde 1817, estudou Leis em Coimbra, que atribuíram o lugar de iniciador do Romantismo (embora discutível, dada a participação activa dos designados por pré-românticos).
 
Personagem invulgar, na luta constante que travou pela vitória dos liberais, o que o levou a vários exílios e, ao mesmo tempo, ao desempenho de altos lugares políticos. Foi Almeida Garrett, em criança, atirado com seus pais para os Açores, Ilha Terceira, devido à primeira invasão francesa a Portugal, onde foi educado por um seu tio, o Frei Alexandre da Conceição, escritor e Bispo de Angra, que lhe incutiu valores clássicos e iluministas, onde se incluíram estudos sobre Voltaire e Rousseau…
 
 
 
 
 
 

Poesia de Cremilde Vieira da Cruz - SIM; SONHO DE UMA NOITE; SúPLICA

 
Poesia de Cremilde Vieira da Cruz - SIM; SONHO DE UMA NOITE; SúPLICA    
 
SIM
 
 Sim
 O tempo calado,
 A hora morta,
 O silêncio velho,
 Intolerante.
 
Sim,
 A maré sem ondas,
 O mar deserto,
 A praia angustiada,
 O sol em silêncio.
 
 Sim,
 A chuva a escorrer gelada,
 O vento a morder os rostos,
 A brisa a falar baixinho.
 
Sim,
 A noite crua,
 Sem fala a lua,
 Silêncio velho.
 
Cremilde Vieira da Cruz
 
 
 
 
 
 



sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Poesia de Liliana Josué - VIDA DA MINHA VIDA; CATARINA

 
Poesia de Liliana Josué - VIDA DA MINHA VIDA; CATARINA
 
 VIDA DA MINHA VIDA
 (Poema dedicado a minha filha Eva e a minha neta [que nasceu hoje -19/07/2013] Catarina)

Todos os dias acontece...
 coisa normal e necessária
 todos os dias é novidade...
 primordial renovação
 
 e a pequenina flor vai crescendo devagar
 
 no calor do seu aquoso mundo
 é frágil nenúfar
 em germinação suave.
 Ouve o cântico que vem de longe
 pára, sorri e reconhece
 ser para si que alguém murmura.
 
 Pequena, tão pequena
 mas já percebe
 que o amor lhe dá vigor todos os dias.
 
Os contratempos fogem, por encanto
 e as duas num espaço partilhado
 dobram a esquina
 de mais um dia
 e pouco a pouco
 num espanto vencedor
 aquelas duas aves vão triunfando
 voando lado a lado
 
19/07/2013
Liliana Josué
 
 
 

Festa das Lanternas - Texto e imagens de Irene Fernandes Abreu - Blogue Valium50 - Macau - China

 
Festa das Lanternas - Texto e imagens de Irene Fernandes Abreu - Blogue Valium50 - Macau - China
 
 
Uma festa em que as pessoas vêm para a rua com diferentes tipos de lanternas vermelhas, símbolo das almas dos antepassados que, estando de visita, são depois reconduzidas de novo para o outro mundo
 
Macau e as comunidades chinesas do mundo, assinalam assim esta noite, a passagem do equinócio do Outono com a milenar Festa da Lua, cheia de tradição e modernidade, festejada alegremente por toda a população.
 
As lanternas apareceram no reinado do imperador Han de Leste, Ming Di (57-75) e por ordem deste, na primeira Lua Cheia do Ano, era costume as famílias colocarem-nas acesas nas portas das suas residências, conjuntamente com ramos de abeto, para atraírem a prosperidade e a longevidade. No entanto, apenas no reinado do imperador Yang (604-617), da dinastia Sui, a Festa das Lanternas foi oficializada para ser celebrada na capital, nessa época em Da Xing (Xian).
 
A festa das Lanternas popularizou-se durante a dinastia Tang, quando era celebrada durante três dias e o imperador Rui Zong (710-712), na noite de 15 da primeira Lua, abria as portas do parque do palácio imperial em Dong Du (Luoyang) para que a população pudesse admirar uma gigantesca árvore iluminada com 50 mil lampiões.
 
Nessa noite, o imperador saia do palácio e convivia com os súbditos, havendo uma alegria generalizada. Eram as únicas noites do ano que não havia toque para as pessoas recolherem às suas casas e, por isso, as ruas encontravam-se cheias de foliões até à alvorada.
 
Já na dinastia Song, a festividade passou a ser realizada durante cinco dias, e no período Ming, entre o oitavo dia ao décimo sétimo dia do primeiro mês lunar, estendendo-se desde então a celebração da capital para o resto do país.


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A porta fechada - Texto de Ivone Boechat

 
A porta fechada - Texto de Ivone Boechat


Conta-se que Dr. Fritz Kaufmann, um dos mais notáveis médicos alemães, reconhecido em toda a Europa, foi convidado pela Sociedade Médica Americana para tomar parte de um Seminário, em Nova York. Quando a imprensa anunciou a sua presença nos Estados Unidos houve grande repercussão. Logo, a Associação Médica de Chicago o convidou para realizar algumas cirurgias de alto risco em doentes desenganados.
 
Em Chicago, morava Dona Charlot que sofria de uma enfermidade, cujos recursos já se haviam esgotado. Sua única esperança seria o Dr. Kaufmann. Ela encheu-se de alegria e planejou um meio de encontrar-se com ele. Só pensava nisso, noite e dia.
 
Dr. Kaufmann chegou, finalmente, a Chicago e, apesar de seu intenso programa na agenda, após o almoço, deixava o Hotel para fazer uma caminhada. Numa dessas saídas, enquanto andava, foi surpreendido por uma forte chuva. Todo molhado, procurou abrigo sob a marquise de uma casa, cuja dona, percebendo a presença de alguém batendo na sua porta não deu a mínima atenção e ainda foi mal educada.
 
No dia seguinte os jornais de Chicago deram a seguinte nota:
«Esteve em Chicago o famoso médico alemão, Dr. Kaufmann que, ontem, enquanto fazia seu cooper, após o almoço, foi surpreendido por uma forte chuva. Todo molhado abrigou-se na marquise de uma casa, cuja dona não lhe deu atenção e ainda bateu-lhe a porta. O famoso cientista acaba de voltar para Alemanha».

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domingo, 15 de setembro de 2013

Jornal Raizonline nº 239 de 16 de Setembro de 2013 - COLUNA UM - Daniel Teixeira - As minhas memórias mais próximas (LX) - Um completo jeito ao jornal

 
Jornal Raizonline nº 239 de  16 de Setembro de 2013 - COLUNA UM - Daniel Teixeira - As minhas memórias mais próximas (LX) - Um completo jeito ao jornal
 
Como tem sido dito o Jornal Raizonline vai sair todas as semanas e embora tenha uma deslocação em vista esta próxima semana vou conseguir arranjar todas as coisas para que o Jornal seja publicado na data certa.
 
Sobre o andamento do mesmo, conforme podem verificar têm sido recolocadas algumas peças já anteriormente publicadas em números mais antigos e tem sido com grande prazer que tenho verificado que existem trabalhos de grande qualidade publicados tempos atrás e que na minha opinião merecem a sua republicação.
 
Procuramos manter um equilíbrio com razoabilidade entre material a publicar inédito no jornal e o outro que se repete por razões de qualidade, conforme disse, e fazemos isso também porque é uma pena que os leitores entretanto chegados não tenham a possibilidade de ler esses trabalhos e isto porque conforme também já foi dito o arquivo online foi todo recuperado para o meu computador e não é possível, por agora, pelo menos, voltarmos a adquirir de novo um espaço em servidor que permita a sua recolocação.
 
Por outro lado, e falo também por mim e por aquilo que vou sabendo, é bastante mais fácil aceder aos números do jornal tendo-os aqui, no meu computador, do que estar dependente dos motores de busca que na sua grande parte fazem selecções por relevância, hierarquia de relevância essa que não corresponde às nossas necessidades uma vez que apresenta sempre os primeiros resultados apenas partindo dos mais procurados (com mais clics).

Leia este tema completo a partir de 16 de Setembro carregando aqui.

A minha escolinha - Ensino Primário - Escreve: António Afonso

 
A minha escolinha - Ensino Primário - Escreve: António Afonso
 

Em Portugal, na última metade do século XIX a percentagem de analfabetos era aterradora, o que muito atormentava o espírito humanista do poeta e pedagogo João de Deus, por sinal, um algarvio, nascido em S. Bartolomeu de Messines.
 
Para inverter tal situação, ele criou um método simples de aprendizagem da Língua Portuguesa, o qual tomou o seu nome. Foi pai da Cartilha Maternal publicada em 1886,sendo instituída por decreto, no ano seguinte, tornando-se obrigatória nas escolas régias por alguns anos.
Com a implantação da Republica, na verdade, houve alguns avanços neste tipo de ensino, mas vieram entretanto anos muito turbulentos, que se reflectiram em todos os sectores, chegando mesmo ao encerramento de algumas Escolas do Magistério, onde se formavam os professores que futuramente iriam leccionar nas escolas.
 
Como já foi frisado, no A L, as escolas públicas funcionavam somente na sede dos concelhos e freguesias, onde o Concelho de Alcoutim estava incluído naturalmente, tendo ficado as restantes povoações simplesmente excluídas.
 
Nos grandes montes surgiam alguns professores particulares que leccionavam, a quem lhes pudesse pagar, e eram muito poucos; no monte da Barrada o mestre-escola era o – Manuel Sapateira e um outro creio de nome Armando.
 
 
 
 
 
 

Poesia de Abilio Pacheco - mixórdia de maio - para o dia das mães; Umbroso

 
Poesia de Abilio Pacheco - mixórdia de maio - para o dia das mães; Umbroso
 

 
maio
 madres, Maria e mulheres
 nubens, grinaldas de laranjeiras
 bocas, primaveras de trópico:
 olhos atônitos de cheiros
 pele plena de luzes e cores

como por ordem na idéia
 e dizer coisa com coisa
 se maio me mixordia?
 
 
 
 
 
 

POESIA DE JOSE GERALDO MARTINEZ - Não fosse poesia ...; Preciso tanto...

 
POESIA DE JOSE GERALDO MARTINEZ - Não fosse poesia ...; Preciso tanto...
 

Não fosse poesia ...
 
Moça, valsar em ti eu queria,
No amplo salão do corpo teu !
Não fosse esta ilusão só poesia,
A bordar este instante nos sonhos meus!
 
Moça, como eu queria
Esquecer do tempo em teu corpo!
Rodopiando em ti,
Por teus braços, envolto...
 
Moça, se sem pressa, escalar
Cada palmo de tua pele
E do teu suor então, provar...
Todos segredos, talvez, reveles .
 
Até a exaustão,
Tombaria em teu chão,
Dançarino de minha fantasia !
Ah, moça, não fosse tudo ilusão,
Não fosse tudo só poesia!

Leia este tema completo a partir de 16 de Setembro carregando aqui.


 



COLUNA POETICA DE MARIA PETRONILHO - Que o vento me levante!; Jaz o semeador na seara; O Poeta Palhaço

 
COLUNA POETICA DE MARIA PETRONILHO - Que o vento me levante!; Jaz o semeador na seara; O Poeta Palhaço

 Que o vento me levante!
 
Docemente
 me eleve
 acima de toda a pena
 na sua diáfana
 asa
 proteja
 da dor salgada
 entranhe
 no azul profundo
 leve
 as cinzas magoadas
 na busca
 de nuvens brancas
 onde
 repouse a fronte
 adormeça e acorde
 sossegue
 de onde volte
 renascida
 para cantar a ternura
 e
 saudar a primavera
 na luz que a todos afaga,
 aspergindo amor na Terra!
 
 
 
 
 
 

Coluna de Liliana Josué - (Sobre) DUAS GOTAS... A MESMA FONTE (Livro de Liliana Josué e Mário Matta e Silva) - Minha introdução no dia do lançamento do livro.

 
Coluna de Liliana Josué - (Sobre) DUAS GOTAS... A MESMA FONTE (Livro de Liliana Josué e Mário Matta e Silva) - Minha introdução no dia do lançamento do livro.
 
Já por várias vezes pensei e colocar este texto e o livro no meu blogue , no entanto fui sempre adiando pois considerava-o já sem grande actualidade. Hoje conclui que não, é um trabalho de 2007 mas faz parte de mim, e deu-me deu um enorme prazer fazê-lo. Por isso mesmo aqui vai ele.

Foi na Antologia da Associação Portuguesa de Poetas de 2006,que me estreei na publicação de poesia própria, mais tarde continuando noutras Antologias.
 Porém, este livro tornou-se um importante desafio para mim.
 Desbravar uma tal temática não é tarefa fácil. Não pela falta de encanto, mas pela sua ousadia.

E certo que, hoje em dia, o tema do erotismo não tem grandes tabus, mas também não é menos verdade que expô-lo nem sempre é fácil. E porquê? Porque a mulher ainda sente a grilhetas de toda uma existência de repressão.
Mesmo quando se dizia que a mulher estava a ser libertada do seu cativeiro, quanto a mim, não foi verdade, ainda hoje não é verdade.

Por exemplo, no Período Medieval, a Igreja, considerava uma heresia a questão do erotismo. Por sua causa muita gente foi castigada e perseguida. Quanto às mulheres, um autêntico flagelo.

Mais tarde, com o Renascimento, apesar da tentativa de abertura das mentalidades (com a perfeição dos legados clássicos), a mulher ainda é mostrada, na arte, muito ligada a símbolos religiosos, a Inquisição assim o impunha( não quero com isto dizer que não houvesse quem tivesse tentado dar uma outra perspectiva da mulher), mas coisa ainda muito primária, e pouco edificante.

Entramos no Romantismo e deparamos com a mulher idealizada, quase assexuada, a pura das puras. Quando assim não se apresentava, quanto muito poderia ser considerada uma interessante rameira ou cortesã .

Leia este tema completo a partir de 16 de Setembro carregando aqui.



 



Dois Poemas - Por Denise Severgnini - O Senhor do Tempo e o Senhor Tempo; Cor de Ternura

 
Dois Poemas - Por  Denise Severgnini - O Senhor do Tempo e o Senhor Tempo; Cor de Ternura
 

O Senhor do Tempo e o Senhor Tempo

O Senhor do Tempo ordenou:
Pare o mundo, pare o amor...
Prossiga a dor.
 
O Senhor do Tempo mandou:
Pare a vida, pare a felicidade...
Prossiga a maldade.
 
O Senhor do Tempo enlouqueceu,
Algo aconteceu
A razão, ele perdeu...
A insanidade lhe acometeu...
 
O Senhor Tempo apareceu
E ao senhor do tempo sucedeu
A lei foi invertida!

O Senhor Tempo pediu:
Mova-se o mundo
Amor seja mais profundo...
Vida seja bem vivida
Com a felicidade mantida
A dor esquecida,
A maldade exaurida.
 
Oh, Senhor do Tempo,
Dê mais um tempo
Ao Senhor Tempo
Para que ele tenha um tempo
 Afim de que as pessoas tenham tempo
De viverem mais o seu tempo
Neste tempo, onde o tempo...
é tão sem tempo!
 
 
 
 
 

O POLITICAMENTE (IN)CORRECTO - Por Manuel Fragata de Morais

 
O POLITICAMENTE (IN)CORRECTO - Por Manuel Fragata de Morais
 
Se alguém te enganar uma vez, a culpa é dele;
 Se te enganar duas vezes, a culpa é dos dois;
 Se te enganar três vezes, és o único culpado.
 (Ditado popular alemão)

O conceito do politicamente correcto ainda é relativamente novo entre nós, para não dizer quase desconhecido. Já corrigimos algumas posições, chegamos aos deficientes físicos em vez de aleijados, já dizemos com deficiência visual e invisuais, em vez dos cegos. E um passo que abre o caminho a novas reflexões, que poderão levar à alteração no nosso uso da linguagem, e não só, em relação ao próximo.

A medida que as sociedades evoluem, assim evoluem os conceitos, as tradições e a visão que fazemos do mundo e do nosso lugar nele. O que em outra hora levou cientistas à fogueira ou à renúncia pública das suas convicções, são hoje leis reconhecidas da física, da astrofísica, da física quântica, da matemática, etc. Todavia hoje, no terceiro milénio e no século XXI, ainda encontramos conceitos, frases soltas, palavras que, de tão banalizadas, não ferem a nossa sensibilidade de humanos, de cristãos, ou puramente de pessoas de fé e da fé, seja ela qual for.

Quero hoje falar-vos de uma dessas aberrações, ligada à cor da maioria das pessoas do nosso continente, ou seja, a negra, e que nos passa despercebida, nestes dias do politicamente correcto. O dicionário que consultei, traz 26 palavras com o radical negro, e delas, uma ou duas únicas não contêm a conotação negativa, o conteúdo pejorativo. Não vou aqui mencionar todas, mas sim algumas daquelas que nos são mais conhecidas e aceitáveis e que, por esse facto, nos tornaram cegos face a nós mesmos, independentemente da coloração da nossa epiderme.