Laginha leva Chopin ao jazz
O desafio foi feito ao pianista e compositor pelos directores artísticos da Orquestra Metropolitana de Lisboa, Cesário Costa, e do Teatro S. Luiz, Jorge Salavisa, no âmbito das celebrações, este ano, do 200.º aniversário de Frédéric Chopin. "Deram-me carta branca e daí ter nascido a ideia de fazer em trio", disse Mário Laginha. Chopin não era um estranho para Laginha que tinha tocado peças do compositor nos exames do Conservatório "e o tinha na memória", por na adolescência tanto ouvir o irmão a estudar Chopin. Laginha trabalhou "com esta memória na cabeça" e fez os arranjos em um mês e uma semana. O projeto inclui o noturno n.º1 (opus 15), fantasia (op.49), valsa n.º2 (op.34), noturno n.º1 (op.48), estudo n.º6 (op.10), scherzo n.º2 (op. 31), prelúdio n.º20 (op.28) e balada n.º1 (op.23). O pianista salientou que a "matéria-prima para trabalhar é genial" e nesse sentido, sublinhou que "só havia que trazê-lo para o universo do jazz". "Eu acho que a matéria-prima é inspiradíssima. Desde que se tenha cuidado de não se estragar e abrir portas, puxando-a para a área musical que queremos, é isso que temos de saber bem", acrescentou "O desafio não me assustou, pois não tenho muito pudor em mexer nas coisas, deve é fazer-se com a maior honestidade e o melhor que se pode, e eu tinha de o puxar para o meu universo se não não faria muito sentido", disse. Considerando "quão enorme e genial" é a obra de Chopin, Laginha sentiu a necessidade "de abordar vários tipos de composição de Chopin". "Eu pensei que não me apetecia limitar a um estilo. Ele fazia uns cadernos, o das mazurcas, das valsas, das polacas; dos scherzos, dos noturnos, as baladas, os prelúdios e eu tinha, felizmente, uma quantidade razoável de partituras em casa". Laginha referiu que a popularidade de que ainda hoje goza Chopin "leva por vezes a olhá-lo de uma forma redutora, quando toda a sua obra é genial. Tinha uma facilidade absoluta em fazer melodias e harmonias, vinham em jorro". Do S. Luiz para o estúdio de gravação "houve apenas outro tipo de preocupação, sendo mais fácil em estúdio parar quando se queria, ou quando algo não estava tão bem". O músico não conta voltar a Chopin ou aceitar um desafio idêntico para outros compositores, nomeadamente Franz Liszt, cujo 200.º aniversário se celebra no próximo ano. "Mongrel - Chopin" é editado pela ONC – Produções Culturais, e com Mário Laginha (arranjos e piano) estão, tal como aconteceu no S. Luiz, Bernardo Moreira (contrabaixo) e Alexandre Frazão (bateria), cujos "engenho e talento", foram sublinhados pelo pianista. (ES)
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