Burmester grava Schubert e Schumann
"Curiosamente é um regresso duplo pois foram estes mesmos compositores, com outras peças, que escolhi para o primeiro álbum que gravei, ainda em vinil, estávamos em 1987", disse o pianista. O álbum, editado pela ONC – Produções Culturais, inclui uma das três sonatas do austríaco Schubert, compositor ao qual Burmester conta voltar "e até fazer em palco as três sonatas que são consideradas pelos especialistas como as mais importantes que compôs". Do compositor austríaco toca a Sonata para piano em La Maior (D959) e do alemão Robert Schumann interpreta Estudos Sinfónicos (op. 13). Estes são dois dos compositores com os quais "melhor me entendo, são da minha formação musical, tem talvez a ver com a minha veia alemã", afirmou à Lusa. O pianista, natural do Porto, com este regresso às gravações de compositores clássicos projeta uma "presença mais consistente nesta área" em que inclui "vir a interpretar outras peças de Schumann". "Esta é uma primeira abordagem", disse o pianista que antes de entrar em estúdio "rodou" o repertório em vários palcos até porque considera "essencial levar para estúdio essa experiência, a de ter actuado para um público, ter essa aprendizagem", acentuou. O músico considera estes dois compositores como representantes "da corrente do romantismo em estado puro", salientando que o século XIX [período a que pertencem Schubert e Schumann] é obrigatório para qualquer pianista". "É impossível um pianista não passar pelo repertório do século XIX", enfatizou. Referindo-se a Schumann, nascido há 200 anos em Zwickau (Alemanha), Burmester afirmou que "tem uma abordagem extraordinária ao piano, sendo a sua música mais narrativa, com muitas referências literárias e até à vida pessoal". "A preparação do álbum levou oito a dez meses", disse Burmester que não declina voltar a interpretar este repertório em palco "se for benéfico para o CD" mas adiantou que está "já a saltar para outro repertório: Bach e Liszt". No próximo ano, celebra-se o duplo centenário do nascimento de Franz Liszt, que é para Burmester "o rei do piano, tendo deixado uma escola pianística que tem hoje herdeiros". "Bach é o ponto de chegada de uma época extraordinária da História da Música e ponto de partida para muitas mais coisas. Eu digo sempre que Bach é a Bíblia", sentenciou. O pianista não enjeita voltar a colaborar na área do jazz, nomeadamente com Mário Laginha e Bernardo Sassetti, pois "outros contactos só nos enriquecem e é uma forma de aprender". Professor na Universidade de Aveiro, na Escola Superior de Música do Porto e na Escola Profissional de Espinho, Pedro Burmester, 47 anos, afirmou que esta sua faceta "é tão importante quanto a de intérprete". "Temos o dever de transmitir o que sabemos", disse o concertista. (ES)
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