sábado, 27 de setembro de 2014

Poesia de Liliana Josué - Três Momentos de Natureza Morta; Menina / Mulher


Poesia de Liliana Josué - Três Momentos de Natureza Morta; Menina / Mulher

 

Três Momentos de Natureza Morta



Empregada Doméstica



Maria, moça pequena e pernas roliças
 Avança decidida p’lo amplo mercado.
 Apalpa maçãs, tomates; escolhe hortaliças
 De semblante muito entendido e concentrado.
 Sem mais nem porquê surge-lhe a lembrança clara
 Do estúpido quadro na casa dos patrões:
 Que coisa tão sem graça e mesmo assim tão cara...
 Natureza Morta... ali, tudo aos trambolhões!



Um Casal Feliz



Certo casal mudo, quedo e talvez feliz
 Coabita numa casa muito arranjadinha.
 Ela, à noite, vê Morangos com Anis
 Ele, lê o jornal encostado à almofadinha.
 Ensonados e cada um no seu pijama
 vão p’ro branco quarto. Ela boceja, ele arrota
 E adormecem, pois p’ra mais nada serve a cama.
 Quadro perfeito duma Natureza Morta.



Futebol na TV



Entram todos muito apressados no café
 O grande desafio já tinha começado
 Exaltado alguém berra: - Belo pontapé
 Até o apresentador grita desgrenhado.
 A casca do tremoço o chão do café criva
 A cerveja nos copos espumosa exorta.
 Imagem ilusória de Natureza Viva
 Quadro bem concreto de Natureza Morta.

 (Poema temático para Antologia da Tertúlia Mensagem - Do Sonho Se Fez a Palavra)


Leia este tema completo a partir de 5 de Outubro de 2014 carregando aqui

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