sábado, 20 de setembro de 2014

O cavalo que morria devagar - Conto de Daniel Teixeira


O cavalo que morria devagar - Conto de Daniel Teixeira

Havia um cavalo pastando e um velho sentado numa pedra olhando o cavalo.

Havia também os dois netos do velho e um pequeno prado murado e com muitas pedras soltas musgadas. Parecia um prado tão velho quanto o velho. Ou talvez mais. Eu sempre o conheci assim, aquele prado e aqueles muros meio derrocados.

Poderia ter perguntado ao velho quanto velho era aquele prado e aquela cerca que o cercava quase por completo. Porque havia uma parte do muro que arrendava dois finos troncos cruzados que o velho certamente levantava e baixava para fazer entrar de manhã cedo e fazer sair à tarde, já quase noite, o cavalo.

Podia ter perguntado a idade daquelas pedras ali assim colocadas e talvez ele me soubesse responder. Mas o velho estava absorto, pensava naquelas coisas que os velhos pensam e cofiava o bigode e remexia o solo com o seu grosso cajado.

Não sei no que os velhos pensam quando estão assim absortos mas achei melhor não lhe perguntar nada e deixei que ele continuasse a pensar no que pensava.

Os dois netos dele, esses não tiveram o meu cuidado, eram crianças e as crianças nem sempre resguardam os tempos de pensamento de cada um e eu sei isso porque já fui criança, já tive filhos que foram pequenos e um dia, se calhar terei também netos como os dois netos do velho.

Os miúdos tagarelaram um pouco entre si e eu percebi que eles iam fazer uma pergunta ao velho: esticaram o pescoço como se quisessem ficar mais próximos do velho e disseram: «Avô!! Hoje é que o cavalo vai morrer?»

Leia este tema completo a partir de 21 de Setembro de 2014 carregando aqui

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