segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Poesia de José Carlos Moutinho - Vento da serra; Deserto de um sonho


Poesia de José Carlos Moutinho - Vento da serra; Deserto de um sonho

 

 Vento da serra

 

 Porque me assobias ó vento da serra
 Se não me trazes boas novas d’alem,
 Se dissesses que não há mais guerra,
 Seria o teu soprar, recebido por bem.

 Uiva vento, uiva e afasta todos os males,
 Para que este mundo se torne melhor,
 Que no teu eterno voar jamais te cales,
 Pois a alegria com paz tem outra cor,

 Por favor vento, peço-te que me fales
 De beleza e encanto e também de amor.
 Sussurra-me no teu ventar refrescante,
 Já que não consegues acabar os conflitos,
 Fala-me da tristeza daquela tarde distante
 Quando ela partiu calada por falsos ditos,

Fala-me do sentir e do seu sorriso inebriante,
Faz da tua força, brisa que acaricie sem atritos.
 Porque não me respondes agora ó vento
 Que da serra desces arrogante e assustador,
és turbilhão que torna tudo em tormento
 Sem te compadeceres sequer, com danos e dor

 E insistes em soprar alheio ao sofrimento
 De quem neste mundo só pensa em ter amor.
 Vem calmo e dócil ó vento, que de longe vens,
 Chega de agressões e amuos, acalma-te agora,
 Fala-me ao ouvido se na verdade, noticias tens
 Daquela linda mulher que um dia se foi embora.

 José Carlos Moutinho




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