quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Carla - Conto de Marcelo Torca


Carla - Conto de Marcelo Torca 

 Eu só me lembro de dois barulhos secos, e a minha mão ficar vermelha, logo em seguida, o meu pai cai ao chão, pedi para se levantar, mas ele estava morto.

Hoje tenho dezoito anos, e dez já se passaram, estou nesta clínica psiquiátrica para fazer tratamento, ainda não consegui recuperar dos traumas acometidos na infância, o meu nome é Carla, e sou paciente do Dr. Mário Alves, por sinal um grande psicanalista, com ele estou conseguindo dar certos avanços, com esforço estou recuperando, estou cursando a oitava série, e finalmente acredito estar conseguindo aprender e controlar os meus instintos.

Dei vários problemas na escola, minha mãe precisou conversar com quase todos os professores meus, sem falar com os diretores de escola.

Ao entrar na sala do médico, comecei a me preparar para mais um dia de questionamentos e revelação de um passado, de certa forma, assustador, pois aconteceu quando era criança, e de forma violenta.

Ao expor ao doutor as minhas lembranças, começava a chorar, e ele com toda calma, aos poucos foi me consolando e pedindo para falar sobre o meu passado.

Lembrei da morte de meu pai, eram dois homens, cobravam dele o serviço não realizado e por isso o assassinaram, mas nunca entendi o motivo, e neste dia, onde faço dezoito anos, chegou o momento da revelação dos fatos.

Aos poucos o psicanalista foi revelando, sabia da profissão dele, o meu pai era funcionário público, trabalhava na área contábil de uma cidade do Paraná, trabalhava na área da contabilidade da prefeitura e foi preciso acobertar um grande desfalque de dinheiro, este estava sendo desviado, na compra de veículos para a prefeitura, para cada comprado, a concessionária emitia uma nota de três, e isso tinha de passar pela contabilidade, mas Roberto, pai de Carla, ameaçou denunciar, e antes de o fazer foi assassinado, a única testemunha era eu, mas não conseguia me lembrar dos rostos dos bandidos, e o crime estava sem solução, nunca tinham encontrado sequer um suspeito.

Com a insistência e persistência do Dr. Alves, aos poucos as lembranças iam aparecendo, quase como mágica, mesmo assim era doloroso. 




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