quinta-feira, 29 de maio de 2014

Quinta feira da Espiga ou da Ascenção - Soledade Martinho Costa - Do livro «Festas e Tradições Portuguesas», Vol. IV


Quinta feira da Espiga ou da Ascenção - Soledade Martinho Costa - Do livro «Festas e Tradições Portuguesas», Vol. IV

O dia da Ascensão ou dia da Ascensão do Senhor, tem lugar quarenta dias após o domingo de Páscoa. Designado, popularmente, por quinta-feira de Espiga, comporta praxes e tradições que assumem carácter universal. A mais comum está ligada ao ramo de espiga, com «poderes de virtude benfazeja», que se colhe neste dia pelos campos, constituído por espigas de trigo (abundância de pão), tronquinhos de oliveira (que simbolizam a paz), papoilas (a alegria), malmequeres brancos (a prata) e malmequeres amarelos (o ouro) – sempre em número ímpar em relação a cada um destes elementos.

Colhido o ramo, de preferência entre o meio-dia e a uma hora, devem rezar-se, conforme manda o preceito, três ave-marias e três pais-nosso (Beira Litoral). Em certas zonas do Alentejo, respeitando-se o sacralismo desse momento, considerado o espaço mais benéfico, colhem-se cinco espigas de trigo, cinco folhas de oliveira e o maior número possível de flores silvestres brancas e amarelas. Enquanto se procede à recolha, rezam-se cinco ave-marias, cinco pais-nosso e cinco gloria patri, «para nesse ano haver em casa trigo, azeite, ouro e prata».

Em Orca (Beira Baixa) e nas localidades ao redor, o dia da Espiga leva também o nome de dia da Marcela ou dia da Marcelada. Por isso se canta: «Eu venho da Marcelada / venho de colher marcela/ lá dos campos da Idanha / daquela mais amarela.»

O ramo de espiga guarda-se dentro de casa, na cozinha ou na sala, por vezes atrás da porta ou junto de uma imagem religiosa, aí se conservando, servindo de talismã, com «virtudes de protecção e esconjuro», até ao ano seguinte, altura em que é substituído por um novo ramo.


Leia este tema completo a partir de 31 de Maio de 2014 carregando aqui

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