Arroz do Céu - Por Irene Fernandes Abreu - Recolhido no Blogue Valium50
Esta, é uma metáfora perfeita da condição social de muitos emigrantes que trabalham por esse mundo fora...
A história narra o quotidiano de um emigrante de leste, cujo trabalho é o de limpar o lixo, que vai caindo nos respiradouros do Metro de Nova Iorque.
Este limpa - vias, trabalhava há muitos anos no Metro, sempre de olhos no chão e sem saber uma palavra de inglês, sujeitava-se no seu dia a dia, tal como uma toupeira, a trabalhar nos escuros respiradouros, a picar papéis, varrer milhões de pontas de cigarros, raspar das plataformas as pastilhas elásticas, limpar as latrinas e ainda espalhava desinfectantes, polvilhava as vias com um pó branco, encolhendo-se contra a parede negra, sempre que o colega da lanterna gritava – «lá vem o comboio!»
Sempre de olhos baixos, como quem nada espera do Alto. A vida dele vinha toda do chão imundo e viscoso. Nem sequer olhava para a ténue claridade que entrava pelos respiradouros.
Mas na superfície, a todo o comprimento da fachada da Igreja de S. João Baptista, os respiradouros do Metro formavam uma longa plataforma arrendada. Por lá são muito frequentes os casamentos, onde o arroz chove em cima dos noivos, à saída da cerimónia, com grande estrago de alegria e depois das cerimónias, o arroz é varrido para dentro das grades, resvalando para dentro do subterrâneo, caindo pelo respiradouro aos milhares, que o limpa - vias a princípio, varria com o outro lixo.
Mas um dia, o nosso homem, que achava estranho esse fenómeno, matutou de onde viria tanto arroz? Um arroz limpo e polido, que brilhava como pérolas. Desconhecia aqueles ritos, no casamento dele não tinha havido arroz de qualidade nenhuma…
Esta, é uma metáfora perfeita da condição social de muitos emigrantes que trabalham por esse mundo fora...
A história narra o quotidiano de um emigrante de leste, cujo trabalho é o de limpar o lixo, que vai caindo nos respiradouros do Metro de Nova Iorque.
Este limpa - vias, trabalhava há muitos anos no Metro, sempre de olhos no chão e sem saber uma palavra de inglês, sujeitava-se no seu dia a dia, tal como uma toupeira, a trabalhar nos escuros respiradouros, a picar papéis, varrer milhões de pontas de cigarros, raspar das plataformas as pastilhas elásticas, limpar as latrinas e ainda espalhava desinfectantes, polvilhava as vias com um pó branco, encolhendo-se contra a parede negra, sempre que o colega da lanterna gritava – «lá vem o comboio!»
Sempre de olhos baixos, como quem nada espera do Alto. A vida dele vinha toda do chão imundo e viscoso. Nem sequer olhava para a ténue claridade que entrava pelos respiradouros.
Mas na superfície, a todo o comprimento da fachada da Igreja de S. João Baptista, os respiradouros do Metro formavam uma longa plataforma arrendada. Por lá são muito frequentes os casamentos, onde o arroz chove em cima dos noivos, à saída da cerimónia, com grande estrago de alegria e depois das cerimónias, o arroz é varrido para dentro das grades, resvalando para dentro do subterrâneo, caindo pelo respiradouro aos milhares, que o limpa - vias a princípio, varria com o outro lixo.
Mas um dia, o nosso homem, que achava estranho esse fenómeno, matutou de onde viria tanto arroz? Um arroz limpo e polido, que brilhava como pérolas. Desconhecia aqueles ritos, no casamento dele não tinha havido arroz de qualidade nenhuma…
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