segunda-feira, 19 de maio de 2014

O furto da Japona. - Crónica de José Pedreira da Cruz


O furto da Japona. - Crónica de José Pedreira da Cruz 

 A meteorologia alertava que nos próximos dias o frio iria ser de doer nos ossos e que por precaução todos teriam que se prevenir com roupas adequadas para tal. E foi nesse clima de grande preocupação que Renilda se acorreu ao crediário e lá deixou uma dívida com a aquisição de uma japona: como assim eram chamadas as jaquetas dos anos oitenta.

 Pois bem, até ai nada de anormal, porém, no terceiro dia de uso da bendita japona Renilda se descuidou e deixou que uma das mangas se descosturasse. Visto o lamentável incidente ela levou sua preciosa peça para que sua vizinha Mary a costurasse. Mary deixou seus afazeres e se pôs a ajudar sua prezada vizinha.

- Ficou novinha – disse Renilda cheia de satisfação –, quanto te devo?
- Nada! Deixa isso pra lá! Foi só um servicinho de nada! – respondeu-lhe Mary acrescentando: mas que japona linda, né? Olha quantos zíperes e quantos bolsos que ela tem! E é mesmo confortável e, também, muito linda!



 Renilda se enchia de orgulho e contentamento e foi embora resolvida a guardar sua japona num lugar bem seguro, dizendo a si mesma: - ela me custou uma grana e só irei vesti-la num dia muito especial! E a escondeu bem no fundo de um baú.

 O inverno rigoroso se foi amenizando, e Renilda, por fim, se esqueceu da japona, pois não mais tinha tanta necessidade de se aquecer.


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