Tão linda que é a Paula - Conto de Daniel Teixeira
E é assim como vou dizer que as coisas se passam e devo logo dizer que há muito tempo que não escrevo, assim como estou a escrever agora e que não sei se vou conseguir dizer tudo o que quero, mas vou tentar, vou tentar ser claro, vou tentar fazê-los compreender como as coisas se passaram, todas as coisas, desde que conheci a Paula.
E é linda, ela, muito linda e ainda hoje acho que ela é linda mesmo que não a possa ver lá onde ela está todos os sábados, precisamente às dez horas da manhã, quando vou vê-la. Quer dizer eu posso vê-la, posso olhar para ela, posso ver se a sua face se alterou e posso saber até que ela hoje é ainda mais linda, sempre mais linda, porque isso é possível, é possível que uma pessoa linda seja cada vez mais linda, mas isso não posso descrever aqui porque embora a veja não posso vê-la como me vejo a mim mesmo e nem sei se ela me pode ver a mim.
Tenho que imaginar a Paula e só posso imaginá-la assim, cada vez mais linda sem a ver vendo-a na mesma. Não me explicaram isso e deviam explicar como é que aquele vidro grosso que nos separa todos os sábados, às dez horas, infalivelmente às dez horas, porque é que aquele vidro grosso não me deixa vê-la mesmo, assim como me vejo a mim.
Deviam explicar isso às pessoas, acho eu, deviam dizer quem vê quem através daquele vidro grosso e se nenhum dos dois pode ver o outro. Deviam explicar isso muito bem, deveriam dizer-me a mim e eu não sei se eles não me disseram a mim e não explicaram também à Paula. Por isso acho que eles não devem ter explicado a nenhum de nós como as coisas se passam.
E é assim como vou dizer que as coisas se passam e devo logo dizer que há muito tempo que não escrevo, assim como estou a escrever agora e que não sei se vou conseguir dizer tudo o que quero, mas vou tentar, vou tentar ser claro, vou tentar fazê-los compreender como as coisas se passaram, todas as coisas, desde que conheci a Paula.
E é linda, ela, muito linda e ainda hoje acho que ela é linda mesmo que não a possa ver lá onde ela está todos os sábados, precisamente às dez horas da manhã, quando vou vê-la. Quer dizer eu posso vê-la, posso olhar para ela, posso ver se a sua face se alterou e posso saber até que ela hoje é ainda mais linda, sempre mais linda, porque isso é possível, é possível que uma pessoa linda seja cada vez mais linda, mas isso não posso descrever aqui porque embora a veja não posso vê-la como me vejo a mim mesmo e nem sei se ela me pode ver a mim.
Tenho que imaginar a Paula e só posso imaginá-la assim, cada vez mais linda sem a ver vendo-a na mesma. Não me explicaram isso e deviam explicar como é que aquele vidro grosso que nos separa todos os sábados, às dez horas, infalivelmente às dez horas, porque é que aquele vidro grosso não me deixa vê-la mesmo, assim como me vejo a mim.
Deviam explicar isso às pessoas, acho eu, deviam dizer quem vê quem através daquele vidro grosso e se nenhum dos dois pode ver o outro. Deviam explicar isso muito bem, deveriam dizer-me a mim e eu não sei se eles não me disseram a mim e não explicaram também à Paula. Por isso acho que eles não devem ter explicado a nenhum de nós como as coisas se passam.
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