sábado, 5 de abril de 2014

Poesia de Virgínia Teixeira - Nevoeiro; Dragão


Poesia de Virgínia Teixeira - Nevoeiro;  Dragão  

Nevoeiro

 Ela pensa que no nevoeiro denso vai encontrar o que procura
 Pensa que nas nuvens gordas de irritação se esconde um abrigo
 E que ao mergulhar no nevoeiro cinzento vai encontrar uma cura
 Acha que as nuvens escuras a podem esconder de todo o perigo

 Ela pensa que no mar calmo de nuvens celestiais vai encontrar o que procura tanto
 Não percebe que o nevoeiro, gordo de saudade e revolta, carrega apenas profunda tristeza
 Ela não sabe a agrura que cobre de fel as nuvens curiosas, como um angustiado manto
 Elas que, curiosas e alvas, desceram do Céu para espreitar, em busca de um mundo de beleza

 E se viram aprisionadas à lama do mundo desleal, sujas e manchadas de Humanidade
 Mas Ela… Ela não sabe, Ela não ouve os lamentos, não cheira a dor que vagueia pelo ar…
Ela, cega de esperança e desespero, abre os braços sem hesitar, e reza por Liberdade

 Ela salta sem temer, porque o peito já não tem lugar para o receio nem quer duvidar
 E quando se encontra no ventre do nevoeiro, escuro e fétido, sabe que encontrou
 Ali, naquele ventre estéril Ela encontra o Nada que procurava, a paz por que tanto ansiou…

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