Os Carvoeiros de Lisboa - Crónica de Daniel Teixeira
Eu praticamente nasci ao lado de carvoarias aqui em Faro, não propriamente aquecido pelo calor das brasas, mas tinha um vizinho que era carvoeiro e que morava duas ou três portas ao lado da minha e que por sua vez tinha um armazém de carvão no Beco Ataíde de Oliveira, o senhor Faneca, onde eu ia comprar o carvão que fazia falta lá em casa e não era só em alturas específicas de churrascadas e coisas assim.
Tínhamos um forno na casa onde morávamos na altura e a minha mãe, montanheira de raiz, cozia muitas vezes o nosso próprio pão e por ausência de lenha usava carvão.
Para além disso havia os fogões a petróleo antes do gás se vulgarizar e o dito era também comprado maioritariamente na carvoaria. A mercearia da esquina também tinha petróleo à venda, num bidão encimado por aquelas bombas manuais, iguais àquelas que mediam o azeite, mas dava mais jeito comprar o carvão e o petróleo no mesmo sítio.
Bem, antes de avançar para Lisboa, é preciso fazer notar uma coisa que normalmente é pouco difundida: algumas pessoas, sobretudo relacionadas com a venda de material energético ou com ele relacionado ou com uma incorporação grande de energia no seu fabrico, viram os seus stocks valorizarem-se exponencialmente durante o período da 2ª guerra mundial e, em parte por via disso, penso, o senhor Faneca era considerado pelo menos remediado.
Tinha casa própria, o que era uma raridade naqueles tempos mas continuava com o seu carro de mula a vender carvão de porta em porta. O carvão tem pó, como se entende, e o pó é preto como se deve saber ou calcular, pelo que o senhor Faneca quando regressava a casa depois de um dia de vendas e negócios, todo enfarruscado, entrava pela porta do quintal, despiria logicamente a roupa de trabalho, lavava-se e só depois entrava em casa. Eu não assistia a essas operações, como será claro, mas passado algum tempo do seu regresso a casa ele aparecia ou à janela ou à porta da frente impecavelmente trajado o que fazia adivinhar o seu percurso anterior.
Eu praticamente nasci ao lado de carvoarias aqui em Faro, não propriamente aquecido pelo calor das brasas, mas tinha um vizinho que era carvoeiro e que morava duas ou três portas ao lado da minha e que por sua vez tinha um armazém de carvão no Beco Ataíde de Oliveira, o senhor Faneca, onde eu ia comprar o carvão que fazia falta lá em casa e não era só em alturas específicas de churrascadas e coisas assim.
Tínhamos um forno na casa onde morávamos na altura e a minha mãe, montanheira de raiz, cozia muitas vezes o nosso próprio pão e por ausência de lenha usava carvão.
Para além disso havia os fogões a petróleo antes do gás se vulgarizar e o dito era também comprado maioritariamente na carvoaria. A mercearia da esquina também tinha petróleo à venda, num bidão encimado por aquelas bombas manuais, iguais àquelas que mediam o azeite, mas dava mais jeito comprar o carvão e o petróleo no mesmo sítio.
Bem, antes de avançar para Lisboa, é preciso fazer notar uma coisa que normalmente é pouco difundida: algumas pessoas, sobretudo relacionadas com a venda de material energético ou com ele relacionado ou com uma incorporação grande de energia no seu fabrico, viram os seus stocks valorizarem-se exponencialmente durante o período da 2ª guerra mundial e, em parte por via disso, penso, o senhor Faneca era considerado pelo menos remediado.
Tinha casa própria, o que era uma raridade naqueles tempos mas continuava com o seu carro de mula a vender carvão de porta em porta. O carvão tem pó, como se entende, e o pó é preto como se deve saber ou calcular, pelo que o senhor Faneca quando regressava a casa depois de um dia de vendas e negócios, todo enfarruscado, entrava pela porta do quintal, despiria logicamente a roupa de trabalho, lavava-se e só depois entrava em casa. Eu não assistia a essas operações, como será claro, mas passado algum tempo do seu regresso a casa ele aparecia ou à janela ou à porta da frente impecavelmente trajado o que fazia adivinhar o seu percurso anterior.
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