sexta-feira, 4 de abril de 2014

A Fita Branca (2009) - Texto Recolhido em Cinema Pela Arte


A Fita Branca (2009) - Texto Recolhido em Cinema Pela Arte

«O holocausto nasceu e foi executado na nossa sociedade moderna e racional, em nosso alto estágio de civilização e no auge do desenvolvimento cultural humano, e por essa razão é um problema dessa sociedade, dessa civilização e cultura.» — Zymunt Bauman

 Castigo e crime?

 Quero contar os fatos estranhos que aconteceram na nossa aldeia. Talvez eles possam esclarecer uma série de acontecimentos que sucederam neste país, revela a voz vacilante do narrador, pronto para compartilhar suas reminiscências.

A adoção do explícito para o andamento do tão comentado «A Fita Branca” (2009) não é uma meta para Michael Haneke, diretor que prima por expor sem tergiversações a tão disseminada perversão humana.

Se em «Caché» (2005) é a possibilidade do perigo iminente que faz o passado do protagonista vir à tona, agora o passado é o próprio ambiente, é o campo de ação do medo e do perigo aterrorizantes. Os derradeiros dias de tranquilidade de um vilarejo alemão prestes a ser afetado pela Primeira Guerra Mundial são suprimidos. Um acidente incompreendido, envolto em mistério, posicionado como evento introdutório, é perfeito para reter a atenção do público.

E é apenas o começo, o limiar de um tempo funesto. Aqui, na micro-sociedade de outrora, estão presentes importantes figuras responsáveis pelo bom funcionamento da engrenagem social, como o barão, o médico, a parteira, o pastor protestante e o professor, e como não poderia faltar, ao redor de todas elas está um grupo de crianças, todas tão opressas quanto curiosas. Cabe ao espectador analisar a desordem psicológica muito bem organizada por Haneke.



 

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