quinta-feira, 17 de abril de 2014

MEMORIAS DA ILHA - Crónicas - Por Manuel Fragata de Morais - AMORES


MEMORIAS DA ILHA - Crónicas - Por Manuel Fragata de Morais - AMORES

 Os subordinados há muito que o aguardavam, impacientes, às vezes até barulhentos. Sempre atrasado, talvez pensasse que quem não chega atrasado não é reconhecido.

Coisas da infância, quem sabe, talvez alguma rejeição pela qual todos pagavam.

 A porta abriu-se e ele entrou, erecto e sorridente, como sempre. O silêncio desceu natural, enquanto todos se levantaram.

Bem, quase todos.

O Nandinho, como não ultrapassava o metro e quarenta, (precisos 140 centímetros, o bilhete de identidade estava lá para o comprovar), permanecia sentado. De pé ou sentado ninguém o percebia, portanto...

O chefe, um general aposentado precocemente, com gesto magnânimo de mão, comandou as tropas, (as minhas tropas, como ele gostava de referir em reuniões restritas) para se sentarem.

- Estou com um ligeiro atraso...

 Logo o Nandinho se levantou e, empertigado, falou:

- Não chegou atrasado, senhor Presidente Director Geral...



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