segunda-feira, 13 de outubro de 2014

A valsa do mendigo - Por Se Gyn


A valsa do mendigo - Por Se Gyn 

  Toda cidade é uma realidade inconfundível, com características muito próprias, que resultam num universo particular, que muda, se movimenta e expande, freneticamente.

 Dentro desta realidade, a população, um contingente de destinos, propósitos e necessidades, que se constitui na mola propulsora da vida e do movimento.

 A paisagem urbana muda - e, na mesma medida muda a paisagem humana. Uns poucos tipos remanescem pelos bairros, inafastáveis, como testemunhas de todas as mudanças - relojoeiros, corretores, alfaiates, malandros e... mendigos.

 No centro da cidade, existem pontos em que os mendigos se fixam, como que grudados à calçada ou amarrados aos postes da rede de energia elétrica. Marcam território, exigem reconhecimento da soberania sobre ele. Ninguém se mete...

 No cruzamento da avenida Anhangüera com a avenida Goiás, me lembro, havia um pedinte cego, que passava o dia agarrado à sanfona, massacrando a melodia de músicas sertanejas e nordestinas.

Batia teclas e cantava numa altura absurda, a ponto de superar todo o ruído ao redor e, chamar a atenção para si. Parava, conferia a latinha de moedas, agradecia ou praguejava baixinho, ajeitava os óculos escuros e, recomeçava.


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