sábado, 8 de novembro de 2014

Meu Henrique querido - por Cecílio Elias Netto


Meu Henrique querido - por Cecílio Elias Netto


Ele foi uma das mais doces e generosas pessoas com quem convivi. Não houve, em Piracicaba, quem não amasse Henrique Spavieri. O homem bom morreu de dor.

Morte e luz

A de Henrique Spavieri foi morte anunciada. Mais dramaticamente ainda, morte generosamente desejada por seus amigos, que não mais suportavam ver aquele todo e injusto sofrimento. Os últimos anos de vida de Henrique abalam crenças, convicções, credulidades. Pois foram tão amargos e doloridos, tão realmente injustos pela visão humana que – mesmo aos que têm fé – é quase impossível pensar em desígnios de Deus.

Há muito, nesse sofrimento de Henrique, da purgação de Jó. Como pode alguém tão generoso, tão decente, tão bom, tão cordial ser vítima de tamanhos sofrimento e injustiça?

Sabemos, os mais próximos de Henrique – que somos muitos, desde as velhas e heróicas batalhas em O DIARIO – não ter sido, ele, levado pela enfermidade física, que o câncer não foi a causa de seu fim, mas o efeito.

Henrique Spavieri começou a morrer de tristeza, de amargura, da insuportável angústia da injustiça que foi corroendo-o dia a dia. Antes de ser atingido no corpo, Henrique foi ferido na alma. Ferimento mortal. Sem piedade. Sem qualquer compaixão.

O grande fotógrafo, o extraordinário profissional, o generoso homem viu sua história ser tratada como um chinelo usado e imprestável que se joga fora. Para um novo mundo de crueldades, Henrique Spavieri – uma criatura enriquecedora de todos de quem se aproximou, de tudo a que pertenceu – foi considerado apenas um objeto descartável.


Leia este tema completo a partir de 12 de Novembro de 2014 carregando aqui

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