Menina Solta ao Sabor das Estações - Conto por Maria Petronilho
Para ir à escola, era preciso subir a montanha. Não havia caminho. A vereda mal se via, pois só era pisada aos domingos, quando a minha avó e a criada iam à missa. Desembocava enfim na estrada romana, larga, polida, ladeada por muros.
As vezes perdia-me por entre a erva esparsa. Sobretudo se avistava gafanhotos e me punha a persegui-los.
Bicho dando de esperto!
Fingia aceitar o jogo, de pulinho em pulinho; depois trocava-me as voltas, saltava às arrecuas e eu, que o tinha quase na mão, rodava, no seu instinto...
Quanto deviam rir-se os bichos!
Sabiam decerto que o meu intento não era comê-los, mas vê-los...Eram verdes, amarelos, eram grandes, minúsculos, tinham patas de mola e pontas bicudas, viradas...
As anteninhas diziam de longe:
- Vem, vem que cá te espero!... E eu ia – Plim! Saltava de caninha em caninha e eu, iludida, continuava.
- Vem, vem, que cá te espero!
Estendia a mão ligeira, o meu coração dava um salto e ele outro: Plim!
- Os grandes olhos no alto, brilhavam de tanto riso e os meus, quase choravam de desespero.
- Que idade teria eu?!
Media os anos, como se deve medi-los: pelo correr das estações. A primavera era linda! Tudo em flor! Cravos do monte, moitas amarelas e brancas de camomilas abertas, espreguiçando-se ao sol. Estevas de sete-chagas: flores imensas e brancas com uma dedada púrpura. Eu retirava as pétalas, delas retirava as pintas e depois mastigava-as, deliciada.
Leia este tema completo a partir de 26 de Novembro de 2014 carregando aqui
Para ir à escola, era preciso subir a montanha. Não havia caminho. A vereda mal se via, pois só era pisada aos domingos, quando a minha avó e a criada iam à missa. Desembocava enfim na estrada romana, larga, polida, ladeada por muros.
As vezes perdia-me por entre a erva esparsa. Sobretudo se avistava gafanhotos e me punha a persegui-los.
Bicho dando de esperto!
Fingia aceitar o jogo, de pulinho em pulinho; depois trocava-me as voltas, saltava às arrecuas e eu, que o tinha quase na mão, rodava, no seu instinto...
Quanto deviam rir-se os bichos!
Sabiam decerto que o meu intento não era comê-los, mas vê-los...Eram verdes, amarelos, eram grandes, minúsculos, tinham patas de mola e pontas bicudas, viradas...
As anteninhas diziam de longe:
- Vem, vem que cá te espero!... E eu ia – Plim! Saltava de caninha em caninha e eu, iludida, continuava.
- Vem, vem, que cá te espero!
Estendia a mão ligeira, o meu coração dava um salto e ele outro: Plim!
- Os grandes olhos no alto, brilhavam de tanto riso e os meus, quase choravam de desespero.
- Que idade teria eu?!
Media os anos, como se deve medi-los: pelo correr das estações. A primavera era linda! Tudo em flor! Cravos do monte, moitas amarelas e brancas de camomilas abertas, espreguiçando-se ao sol. Estevas de sete-chagas: flores imensas e brancas com uma dedada púrpura. Eu retirava as pétalas, delas retirava as pintas e depois mastigava-as, deliciada.
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