sábado, 30 de agosto de 2014

Katherine Anne Porter, aka Miranda


Katherine Anne Porter, aka Miranda

 

Texto Recolhido em «As leituras de Madame Bovary»



Tenho uma nova heroína na minha lista de admirações: Katherine Anne Porter.

 Desde o ano passado, altura em que a Antígona anunciou a publicação de «Cavalo Pálido, Pálido Cavaleiro», que aguardava com impaciência a chegada deste título às minhas mãos. A razão desta impaciência era apenas intuitivamente emocional, convocada pelo título poético, pois nada sabia desta autora.

 Em Julho, fui de férias com o Cavalo Pálido e regressei a Lisboa rendida aos sortilégios da escrita de Porter. A qualidade dos três contos era igualmente excelente mas confesso que o que mais me cativou foi a personagem Miranda, eixo central de dois dos contos e afirmado alter ego da autora.

 Em Agosto, tornei a partir de férias para o sobrelotado Algarve na companhia da Katherine Anne Porter, desta vez com a antologia «A Torre Inclinada e outros contos», da Relógio d'Água (já agora uma pequena anotação: «Judas em flor e outros contos» teria sido uma escolha de título mais feliz, na minha opinião). E mais uma vez, apesar da inegável qualidade dos vários contos, continuei a preferir os envoltos na respiração de Miranda. Não restam dúvidas que se trata de um alter ego de Katherine, pois doutro modo a sua autenticidade não se tatuaria na pele com uma tal violência poética.

 Não me recordo quem disse (ou escreveu) que é possível amar mais personagens que certas pessoas. No caso, os livros de Katherine Anne Porter são do melhor que li este ano e Miranda tornou-se, com todos os seus desassombros, uma das pessoas que mais gosto.




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