sexta-feira, 15 de agosto de 2014

A BRASILEIRA - Texto de Lina Vedes



A BRASILEIRA - Texto de Lina Vedes 

  A Brasileira, café, pastelaria e geladaria, ficava onde hoje se encontra a sapataria Bruna, no cruzamento da R. de Santo António com a R. Dr. João Lúcio.

 As casas do quarteirão onde se integrava a Brasileira, umas eram térreas e outras de 1º andar. Pegando com ela tínhamos a casa da família Pêra, o edifício onde funcionava a P.I.D.E. e por fim a casa do Libório, mercearia e charcutaria.

 No outro lado da rua, na frente, a «malta masculina» do liceu e escola comercial juntava-se à saída das aulas, junto à papelaria Artys, para ver passar as «moças». Para o lado da avenida existiam umas pequenas casas e para o lado da Pontinha, pegando com a Artys, o electricista Ferreira, a retrosaria da D. Adosinda, uma casa de habitação e o relojoeiro Oliveira. Todo o quarteirão foi demolido e, no momento actual, faz parte da Praça da Liberdade.

 Inicialmente a Brasileira pertencia a uma sociedade formada entre o senhor Inácio, o   «Rola»para os amigos, e o senhor Baleizão, tendo este último o segredo da confecção de gelados, mantendo-o bem seguro.

 Esses gelados eram vendidos não só na Brasileira como pela cidade. Eram transportados num triciclo a pedal que, no conjunto, formava uma espécie de proa de barco, que continha vasilhas metidas no meio do gelo, nas quais iam os gelados de baunilha e chocolate.

 Eram vendidos em forma de corte (sandes), custavam 5 ou 10 tostões e era interessantíssimo ver como o vendedor procedia para fazer a sandes gelada: a bolacha era colocada na maquineta, por cima o gelado que era alisado com a espátula, outra bolacha, carregar na mola e deliciar o cliente…Nada mais agradável do que os gelados do Baleizão que faziam crescer água na boca, só de olhar.

 Mais tarde surgiu a novidade do «kibom», que custava 15 tostões e era gelado envolvido em chocolate e enrolado em prata… Na vida comi dois ou três e dos mais baratos; um por semana, precisando estar com sorte!




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