domingo, 30 de setembro de 2012

 
Sylvia Beirute - FRIEDRICH NIETZSCHE: POESIA, BIOGRAFIA, POEMAS. 
 
A poesia de Friedrich Wilhelm Nietzsche (Röcken, 15 de Outubro de 1844 — Weimar, 25 de Agosto de 1900) parte de uma ideia de civilização em construção, de um estabelecer individual de regras, uma aprendizagem diária como se esta adiasse a morte.
 
Este viver aparece sempre a meio caminho, sem menos ansiar o encontro e o desencontro, a ideia de busca pessoal e do homem que se faz a si mesmo através da experiência.
 
Esta filosofia latente aparece descrita de forma evidentemente simples, com recurso e com um pendor visual, sendo que este é uma espécie de ponte para os outros sentidos. Há neste poética um tom coloquial, um «tu» que intervém com um papel activamente passivo, provocando a lembrança e o alcance longínquo do pensamento.
 
Nestes «diálogos» pode-se apreciar o lado inusitado destes poemas, um lado eivado de ironia e sarcasmo, com imagens e metáforas que o carregam, por vezes desprezando uma beleza efectivamente bela, varrendo a alma de quem passa. («Queixas-te porque não encontras nada a teu gosto? / São então sempre os teus velhos caprichos / Ouço-te praguejar, gritar e escarrar... / Estou esgotado, o meu coração despedaça-se. / Ouve, meu caro, decide-te livremente. / A engolir um sapinho bem gordinho, / De uma só vez e sem olhar. / é remédio soberano para a dispepsia». em Remédio para o Pessimismo, do livro A Gaia Ciência).
 
Por outro lado, alguns dos poemas são notoriamente de desesperança, e nem todos de problematização mental. Espaçam-se no declive entre o desejar e o ter, devaneio e excentricidade, aventura e desilusão.
 
Mas no meio disto tudo há uma consciência lúcida, uma consciência que dá conselhos, pedindo ao poeta que se sirva do seu próprio esboço e se preencha a partir dele, confrontando-se depois com a vida em sociedade e com as pré-considerações dos outros.
 
 
 
 

 

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