sábado, 29 de setembro de 2012

FLORBELA ESPANCA - Por Sanio Aguiar Morgado

 
FLORBELA ESPANCA - Por Sanio Aguiar Morgado
 
Naquela noite de 7 para 8 de Dezembro de 1930, Florbela Espanca avisou a sua criada Teresa de que não ia dormir no seu quarto habitual, do casal, mas noutro mais tranquilo e pediu-lhe para não ser despertada no dia seguinte. Disse-lhe, ainda, que andava com insónias e que queria dormir em paz...o máximo de tempo possível. Pela manhã, quando foi encontrada, era tarde demais Florbela morreu durante a noite, possivelmente às duas horas da manhã, à mesma hora e no mesmo dia em que tinha nascido, 36 anos antes.
 
O dia 8 de dezembro é o dia de Nossa Senhora da Conceição, padroeira de Portugal, e curiosamente, Florbela Espanca nasceu a 8 de Dezembro (1894), casou a 8 de Dezembro de 1913, suicidou-se a 8 de dezembro de 1930, foi baptizada na igreja de Nª Sª da Conceição, aos 8 anos adotou o nome «da Conceição», e lecionou no colégio Nª Sªda Conceição, em Évora . O dia 8 de dezembro era ainda o aniversario da sua mãe, mãe que Florbela não conheceu bem.
 
Procurou incessantemente a felicidade no amor, mas a tragédia rondava sua vida, suas constantes decepções amorosas e finalmente a perda de seu irmão, amigo e confidente, através de cartas, selou sua desilusão pela vida.
 
O facto de ter assumido dois divórcios e três casamentos, numa época em que não era permitido a mulher tal liberdade, fez cair sobre ela o peso de uma sociedade austera, desumana, mesquinha e caluniosa. Perdia-se aí a maior poetisa de nossa língua.
 
Seu livro «Poesia Completa» na sua 5ª edição da Publicações Dom Quixote - Lisboa - em 2004 é particularmente especial para se compreender este ser tão especial.
 
Infelizmente até os dias de hoje há os que a julgam e condenem atribuindo-lhe o rótulo de libertina que ultrapassou as barreiras da natureza como sendo uma pessoa que escolheu as contradições «contra natura» que a conduziu a depressão e ao suicídio conforme publicação de nº 60 de maio de 2009 de «O Campanário» da paróquia de Ervidel.
 
 
 
 

 

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