domingo, 30 de setembro de 2012

A História dos homenzinhos de patins - de Sophie Carquain

 
A História dos homenzinhos de patins - de Sophie Carquain
 
Era uma vez um planeta onde se nascia, vivia e morria sobre patins.
Também se viajava, namorava e trabalhava sobre patins. O seu uso era obrigatório porque caminhar era um processo muito lento e tomava muito tempo. Alguns habitantes nem sequer tiravam os seus pés rolantes para dormir.
 
 Nunca ninguém chegava atrasado ao emprego ou às aulas. Só se falava o estritamente necessário, porque até as sílabas eram contabilizadas. Todas as actividades susceptíveis de nos fazer perder segundos preciosos eram proibidas: falar da chuva e do bom tempo, comprar bombons, arrastar-se,
de manhã, por casa, em peúgas, dançar o tango, ou ter bebés. Um bebé exige tempo e isso faz com que nos tornemos menos eficazes.
 
 Mas porque corriam as pessoas assim?
 
 Porque no planeta ao lado viviam uns seres cinzentos e tristes, que tinham decidido fazer das pessoas cavalos de corrida. Para isso, tinham-nas transformado em seres que apenas viviam para a velocidade e para o stress.
 
Esses seres faziam apostas e lançavam na lixeira intersideral as pessoas que perdessem a corrida. As pessoas não passavam de escravas…
 
O corpo humano não consegue viver a 500 quilómetros à hora e, assim, as pessoas passaram a sofrer de várias doenças, a mais catastrófica das quais era a das fracturas do crânio. Sempre que uma criança caía, o seu cérebro começava a encolher até ficar do tamanho de uma ervilha. Como estas fracturas eram cada vez mais frequentes, as pessoas ficavam cada vez menos inteligentes. Por isso, ninguém tivera ainda a ideia de inventar um capacete para proteger a cabeça.
 
 Mas os seres cinzentos e tristes estavam a ficar sem escravos e decidiram, então, inventar eles mesmos o capacete e tornar o seu uso obrigatório. Como as pessoas tinham o cérebro protegido, podiam utilizá-lo para pensar. Por exemplo, para pensar por que razão haviam de andar tão depressa.
 
 
 

 

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