sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Poesia de Mário Matta e Silva - TORRADAS E COMPOTA e Poesia de Isabel Faria - Longe

 
 
Poesia de Mário Matta e Silva - TORRADAS E COMPOTA e Poesia de Isabel Faria - Longe
 
TORRADAS E COMPOTA
 
Pela manhã que acaba de nascer
há a brandura do tempo
destemperado num cinza deprimente
a fazer da ansiedade do dia
uma desejada esperança e euforia
que chamamos a nós tranquilamente.
 
Abrem-se as cortinas mescladas
puxa-se num certo jeito
morno e terno a roupa da cama
sentindo a noite que viajou no espaço
no cálido perfume de cada abraço
que no peito se derrama.
 
A mesa da cozinha é um chamamento
ao regalo do café fumegante
do sumo de laranja na forma delicada
de cada copo disperso na toalha
alva e rendilhada do tempo dos avós
bem como o garrido de outra fruta amaciada.
 
Na delicadeza dos gestos tépidos
seguros e vibrantes de cada desejo
vem o repousar breve que nos conforta
e a alma rejubila no êxtase e no ensejo
de saborearmos despreocupadamente
as torradas mornas barradas de compota.
 
10 de Junho de 2013
Mário Matta e Silva

Poesia de Isabel Faria - Longe
 
Longe

Longe de tudo
Cada vez mais isolada
Neste mundo estranho
 
Carente de palavras
Gestos de amor
Esquecidos por aí
Entre os juncos
De uma lagoa
Afogados talvez
Sob as águas
Carregadas de limos
 
Na solidão cresci
E morrerei
Qual astro sol
Que se desgasta
Continuamente
Sem retorno
 
Palavras e palavras
Soltam-se
Em cascatas
Na minha mente
A deriva
Neste vazio de mim
 
Busco o sentido
escondido, fugidio,
Que se dissolve
Nas marés
Cada vez mais
 
Longe de tudo
 
isa
 
 
 
 
 
 

Sem comentários:

Enviar um comentário