domingo, 29 de junho de 2014

Poesia de Ilona Bastos - NEVOEIRO; O POEMA QUE SE SEGUE; COMO SOA O POEMA


Poesia de Ilona Bastos - NEVOEIRO; O POEMA QUE SE SEGUE; COMO SOA O POEMA

 

 NEVOEIRO

 

 Lembrando uma paisagem escandinava
 Desenham-se, além dos vidros da janela,
 Os traços suaves dos ramos de pinheiro,
 Esbatidas manchas de quadro em aguarela,
 Por entre o esbranquiçado frio do nevoeiro.

 Também, mais próxima, desmaiada, a relva
 Se distancia, neutra, na densa neblina,
 E o fundo baço, que esconde o arvoredo,
Envolve o céu e a vida, em leve musselina.

 Só um vulto, esbelto, vem descendo, ledo,
 A longa escadaria, que o nevoeiro adoça,
 E uma gaivota livre, de asas prateadas,
Planando baixo, os seus cabelos roça.

 Agora, vejo as nuvens, rasas e molhadas,
 Correrem, junto à erva, em desfilada,
 Afugentando o véu, os seres, a quieta paz
 Desta atmosfera idílica, encantada.

 Soprando velozmente, vem o vento e faz,
 Agreste, forte, intenso, espantar a magia
 Do nevoeiro imenso, prenhe de mistério,
 Que a manhã cobriu, neste invernoso dia.

Então, no céu, o azul retoma o seu império,
 O sol inunda a relva, a rua, todo o parque,
 Regressam vozes, passos, gente radiosa,
 Da vida, a cor, o brilho, a infinita arte...

 E, na transparência pura, gloriosa,
 Desta pintura bela, perfeita em limpidez,
 Na Natureza rica, na vívida Criação,
 Esboça-se, com espantosa nitidez -

A imagem de Deus - sublime Revelação!

 Ilona Bastos 



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