COSTUREIRAS E MODISTAS - Texto de Lina Vedes
Nos anos 40 e até 50, era hábito em minha casa e em muitas da cidade contratarem costureiras duas ou três vezes no ano. Geralmente iam no início do Outono e da Primavera, recebiam pagamento diário, com direito a almoço e lanche. O pronto-a-vestir era nulo ou desconhecido para a maioria dos farenses.
Essas costureiras executavam peças de vestuário íntimo e remendavam o necessário, porque na altura, o principal lema de vida consistia no «aproveitar». O saber remendar era uma arte e lembro-me, da trabalheira que dava, pôr fundilhos em cuecas de homem, ou «seresir» calças de tecido, que se haviam rompido ou gasto com o uso. Hoje, já não se encontra quem faça tais trabalhos.
A mãe tinha uma costureira contratada, que permanecia em nossa casa duas semanas, duas vezes no ano, e contava com a ajuda da avó, da tia e minha, embora as constantes asneiras levassem ao meu afastamento. Já não lembro, se o fazia para me libertar, pois fui sempre adversa a trabalhos de paciência!...
A mãe alertava-me:
- Como queres casar, se não aprendes a pôr uns fundilhos em cuecas de homem, ou a pregar botões e fazer as casas?
A nossa costureira Isabel estava separada do marido, por ser maltratada por ele e pela sogra. Chegou ao limite do sofrimento, o que era raro na época, e abandonou a casa e os filhos. Só contactava com eles quando trabalhavam em lugares conhecidos da sogra e com a aceitação dos empregadores. Vivia num quartinho e o que ganhava na costura mal dava para sobreviver. A vida era amarga por não ter os filhos junto dela e porque mulher separada de marido, socialmente, não era bem aceite.
Havia lemas incríveis, considerados exemplares para o bom funcionamento do lar, que sujeitavam as mulheres aos homens.
As esposas, por norma, eram obrigadas a:
- Ter a casa sempre arrumada e limpa, fazer ao marido os petiscos de sua predilecção, pondo-lhe tudo na mesa e servindo-o;
- Nunca saturar o esposo com problemas da vida doméstica e contentar-se com o dinheiro cedido para o sustento familiar;
- Não irritar nem saturar o homem e se desconfiasse de infidelidade (eram todos), amá-lo ainda mais;
- Estar sempre disposta às suas exigências matrimoniais;
- Afastar-se de todas as tentações extra conjugais..
Nos anos 40 e até 50, era hábito em minha casa e em muitas da cidade contratarem costureiras duas ou três vezes no ano. Geralmente iam no início do Outono e da Primavera, recebiam pagamento diário, com direito a almoço e lanche. O pronto-a-vestir era nulo ou desconhecido para a maioria dos farenses.
Essas costureiras executavam peças de vestuário íntimo e remendavam o necessário, porque na altura, o principal lema de vida consistia no «aproveitar». O saber remendar era uma arte e lembro-me, da trabalheira que dava, pôr fundilhos em cuecas de homem, ou «seresir» calças de tecido, que se haviam rompido ou gasto com o uso. Hoje, já não se encontra quem faça tais trabalhos.
A mãe tinha uma costureira contratada, que permanecia em nossa casa duas semanas, duas vezes no ano, e contava com a ajuda da avó, da tia e minha, embora as constantes asneiras levassem ao meu afastamento. Já não lembro, se o fazia para me libertar, pois fui sempre adversa a trabalhos de paciência!...
A mãe alertava-me:
- Como queres casar, se não aprendes a pôr uns fundilhos em cuecas de homem, ou a pregar botões e fazer as casas?
A nossa costureira Isabel estava separada do marido, por ser maltratada por ele e pela sogra. Chegou ao limite do sofrimento, o que era raro na época, e abandonou a casa e os filhos. Só contactava com eles quando trabalhavam em lugares conhecidos da sogra e com a aceitação dos empregadores. Vivia num quartinho e o que ganhava na costura mal dava para sobreviver. A vida era amarga por não ter os filhos junto dela e porque mulher separada de marido, socialmente, não era bem aceite.
Havia lemas incríveis, considerados exemplares para o bom funcionamento do lar, que sujeitavam as mulheres aos homens.
As esposas, por norma, eram obrigadas a:
- Ter a casa sempre arrumada e limpa, fazer ao marido os petiscos de sua predilecção, pondo-lhe tudo na mesa e servindo-o;
- Nunca saturar o esposo com problemas da vida doméstica e contentar-se com o dinheiro cedido para o sustento familiar;
- Não irritar nem saturar o homem e se desconfiasse de infidelidade (eram todos), amá-lo ainda mais;
- Estar sempre disposta às suas exigências matrimoniais;
- Afastar-se de todas as tentações extra conjugais..
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