sexta-feira, 27 de maio de 2011

RIBATEJO É UMA DAS MAIORES REGIÕES DE RISCO DE CANCRO CUTANEO

RIBATEJO É UMA DAS MAIORES REGIÕES DE RISCO DE CANCRO CUTANEO

dermoscopiaO Hospital Distrital de Santarém (HDS) aderiu à campanha de prevenção do cancro cutâneo, incluída no programa europeu do Euromelanoma 2011, que, na passada quarta-feira, contou com uma acção de rastreio gratuito em mais de 30 unidades de saúde do país.

Maria de São José, directora do Serviço de Dermatologia do HDS, disse ao nosso jornal, que o Ribatejo, devido à sua grande exposição solar e aos hábitos de trabalho no campo, é das maiores regiões de risco do país, pelo que a população deve tomar medidas preventivas e estar atenta aos sinais. A preocupação da especialista assenta, também, no facto de, nos últimos dois anos, ter havido, a nível mundial, um aumento do número de novos casos de cancro cutâneo, relacionado, sobretudo, com a maior exposição às radiações solares ultravioletas, em consequência da diminuição da camada de ozono e alteração das condições atmosféricas.

Também o Hospital de Santarém reflectiu esse aumento. “De uma média de 30 novos melanomas diagnosticados anualmente, passámos, em 2010, para cerca de 50 casos e, este ano, o número irá crescer ainda mais”, disse Maria de São José.

O melanoma deve-se essencialmente a exposições solares esporádicas, afastadas no tempo, mas muito intensas (nas alturas de praia, por exemplo). O seu diagnóstico e tratamento precoce é fundamental para diminuir a morbilidade e mortalidade por cancro da pele. A maioria dos casos que dão entrada no HDS, chegam através dos médicos de família e a maior parte encontra-se numa fase inicial, pelo que tem grandes hipóteses de cura, segundo Maria de São José.

O número de cancros cutâneos não melanomas é muito maior (na ordem das centenas de novos casos por ano), mas não tem aumentado tanto. Porém, “também não tem diminuído”, salienta Maria de São José.

Este tipo de cancro de pele deve-se, sobretudo, a exposições contínuas ao sol, tendo, por isso, uma grande incidência na região do Ribatejo. “Os agricultores que trabalham ou trabalharam durante a vida activa de sol a sol, são uma população de risco”, alerta a médica. A população rural que passa horas ao ar livre, no campo, não tem, na maioria, hábitos de protecção da pele e, desde a infância, está em constante exposição ao sol. Mais de 90 por cento dos casos de cancro cutâneo não melanoma são curáveis.

Rastreio com fraca adesão

A médica lamenta que este ano a adesão ao rastreio se tenha limitado a trinta pessoas, quando, em 2010, compareceram mais de uma centena.

“Creio que foi mal divulgado. Os cartazes informativos só chegaram em cima do dia”, considerou.
O rastreio, feito por dermatologistas, teve por objectivo despistar eventuais lesões suspeitas e identificar pessoas pertencentes a grupos de risco. No caso do Hospital Santarém, não foi diagnosticado nenhum caso de cancro cutâneo, durante o rastreio de quarta-feira, “embora tenham sido detectados alguns sinais suspeitos”, revelou a directora do Serviço de Dermatologia.
Em Portugal, o Euromelanoma é organizado pela APCC e pela Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia (SPDV), com o apoio da Liga Portuguesa Contra o Cancro e Direção-Geral da Saúde. Sofia Meneses

Prevenir é palavra de ordem

Estima-se que em Portugal, em 2011, irão surgir mais de 10.000 novos casos de cancros da pele. A maioria serão carcinomas basocelular e espinocelular (cancros cutâneos não melanomas), mas estima-se que surgirão cerca de 1.000 novos casos de melanoma.
A uma maior exposição solar na infância corresponde um maior risco de melanoma na idade adulta. Daí a importância de prevenir a exposição solar excessiva nas crianças.
Para prevenir o cancro de pele, deve-se evitar a exposição solar entre as 11 e as 16 horas. Nas horas de maior calor, procurar as sombras e os locais frescos. Usar um protector solar adequado ao seu tipo de pele e proteger as crianças com roupa clara, chapéu e protector solar adequado.
Note-se que a exposição ao Sol no campo ou na praia é um aspecto fundamental do lazer e, quando adequada é fonte de saúde: é a partir da exposição solar que o nosso organismo produz a vitamina D, fundamental ao crescimento ósseo.

FONTE: O CORREIO DO RIBATEJO
http://www.correiodoribatejo.com/

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