quarta-feira, 2 de julho de 2014

Poemas de Mário Matta e Silva - Noturnos; é tempo de Primavera; Ir e voltar nas gaivotas


Poemas de Mário Matta e Silva - Noturnos; é tempo de Primavera; Ir e voltar nas gaivotas



Noturnos

 ó breve escuridão do meu sentir
 Em náuseas profundas construída
 Na amarga desilusão sem um provir
 Efémero compasso que é a vida.
 De tudo me revolto e me lamento
 Sem encontrar ânimo, vontade, nem alento!
 ó forma geométrica de meus sonhos
 Na teia construída em meu redor
 São formas gigantescas, seres medonhos
 Que me assaltam de espanto e de pavor.
 Na vasta imensidão da noite escura
 As velas tremelicam numa dança noturna!
 ó vibrações rondando o pensamento
 Tão negro, tão perverso na sua teimosia
 A noite não tem fim no soprar do vento
 E os cânticos ressaltam da poesia.
 Quanto mais me dobro e suspiro no meu leito
 Mais a noite me sangra dentro do peito!
 ó rósea madrugada em esperança vã
 Espreguiçada volúpia feita desejo
 Na espera caprichosa desse amanhã
 Que me quer abraçar e dar-me um beijo.
 Em notas musicais de sedução
 Há reconforto no ritmo solene do coração.

27 de Junho de 2014

MARIO MATTA E SILVA

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