quinta-feira, 14 de julho de 2011

Presença humana nos Açores antes da chegada dos portugueses

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Presença humana nos Açores antes da chegada dos portugueses

“Descobriu-se um conjunto significativo de mais de cinco monumentos do tipo hipogeu (túmulos escavados nas rochas) e de pelo menos três ‘santuários’ proto-históricos, escavados na rocha”, revelaram à Lusa os arqueólogos Nuno Ribeiro e Anabela Joaquinito.
Um dos monumentos localiza-se no Monte do Facho e possui estruturas tipo pias, associadas a canais provavelmente para libações, cadeiras escavadas na rocha, um tanque cerimonial coberto pela vegetação e dezenas de buracos de poste, que confirmam a existência de coberturas leves destes espaços.
O segundo e o terceiro santuários localizam-se na área do Forte de São Diogo e foram descobertos no passado mês de Junho durante uma viagem de recreio.
Segundo os investigadores da APIA, “são grandes templos escavados dentro de monumentos do tipo hipogeu, de grandes dimensões, muito bem conservados, com uma planta quase triangular”.
Os especialistas adiantaram que “no primeiro existem quatro pias circulares, associadas a canais, visando a recolha de água doce e a realização de rituais com libações, associadas com a água, provavelmente associadas a sacrifícios”.
Quanto ao segundo ‘templo-santuário’ também escavado na rocha, do tipo hipogeu, “encerra no seu interior um tanque ritual, que se acede por pequenas escadas, tendo ao longo do seu interior um banco onde se praticavam abluções, possuindo ainda dois nichos onde se poriam a estátua da divindade”.
A APIA irá apresentar publicamente estas descobertas em congressos mundiais, que decorrem em Évora em etembro deste ano (SEAC 2011) e em Florença (Itália) no próximo ano, no Simpósio de Arqueologia do Mediterrâneo.
Nuno Ribeiro e Anabela Joaquino apresentaram recentemente em Angra do Heroísmo um hipogeu e outros vestígios escavados na rocha, um no Monte Brasil e outro na ilha do Corvo.
“Estes vestígios podem indiciar um registo proto-histórico de povos que aqui tivessem permanecido por breves ou longos períodos, mas falta efetuar trabalho de prospeção arqueológica, que nunca foi feito, para se poderem tirar conclusões”, defendeu o especialista.
De acordo com Nuno Ribeiro, com estas descobertas “a data do povoamento dos Açores pode não ser a que a História refere mas outra dependente de estudos arqueológicos a estruturas e objetos existentes no arquipélago”.
Para efectuarem as investigações, os arqueólogos concorreram a um financiamento da Direcção Regional da Cultura dos Açores que foi recusado por falta de verbas.
(ES)

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