terça-feira, 5 de abril de 2011

Estudante de Arouca vence prémio nacional de Poesia


Estudante de Arouca que diz nem gostar de poesia vence prémio nacional



Luana Cardoso tem 13 anos e, com versos sobre a floresta, foi uma das vencedoras do concurso "Faça lá um Poema", promovido pelo Plano Nacional de Leitura e pelo Centro Cultural de Belém, onde domingo decorreu a respectiva entrega de prémios.


A estudante de Arouca frequenta o 7.º ano na EB2,3 de Escariz – que em 2011 assinala o Ano Internacional da Floresta adoptando esse tema para as suas actividades lectivas – e foi numa aula de Língua Portuguesa que a jovem compôs o poema com que se classificou em primeiro lugar na categoria do concurso dirigida ao 3.º Ciclo do Ensino Básico.


Quando lhe perguntam que poetas lê com mais frequência, fica quase em pânico: "Ai poesia?! Leio muito pouco, mesmo!". Mas admitindo que, devido ao prémio, tem a "obrigação" de consumir mais esse género, pensa um pouco e elege os seus favoritos: "Fernando Pessoa, que acho que é um bom escritor, e Sophia" de Mello Breyner.



A franqueza da idade, contudo, rapidamente lhe volta a escapar: "Mas não leio muito, que não gosto lá muito de poesia". Logo depois, num novo confronto interior, Luana assume o compromisso: "Agora que escrevi este poema, vou começar a ler mais poesia do que outros livros".


A história de "Floresta" implica menos hesitações e Luana conta que as características da paisagem que envolve Arouca se definiram como versos à medida que analisava a área vocabular da palavra que serve de título ao poema.


"Eu nem sabia o que lá havia de escrever porque floresta e gramática não têm nada a ver uma com a outra", revela. "A professora foi-me dando ideias, fui constituindo o poema e ao princípio tinha algumas dúvidas, mas depois fui indo e consegui".


Quando se proporcionou a participação no concurso do Plano Nacional de Leitura, os colegas de Luana preferiram concorrer com o poema de outra aluna da mesma turma, mas a influência da professora Eugénia Costa surtiu efeito e a distinção de "Floresta" motivou "uma boa surpresa".


"Não estava a contar", confessa Luana. "Mas ganhei e aí os meus colegas já ficaram mais contentes".


Eugénia Costa garante que "não há ressentimentos" entre a jovem de 13 anos que no domingo foi distinguida no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, e a outra poetisa de Escariz que mereceu o favoritismo da turma, mas, entretanto, se mudou para a Suíça com os pais.


No 3.º Ciclo, o sentimento dominante em relação aos versos, afinal, é outro. "Há um momento em que os miúdos se sentem ridículos em relação à poesia", admite a docente, a propósito da receptividade que o género motiva nos seus alunos.


"Mas depois", continua, "quando eles conseguem construí-la, quando a poesia se torna visível aos outros e eles são elogiados por isso, passam a gostar dela, ficam com vontade de a ler e já acham que são capazes de criar textos bonitos".


Para Ester Pinho, a professora bibliotecária que orientou a candidatura da escola de Escariz ao concurso "Faça lá um Poema", essa descoberta literária assemelha-se a todas as outras que marcam o percurso da juventude. "Quanto mais o fruto aparece", explica, "mais ele é apetecível".



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